EUA bombardeiam fronteira entre a Síria e o Iraque

Aviões americanos lançaram novos ataques na Síria, mas jihadistas continuam a avançar para as regiões curdas.

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Dois aviões F-18 preparam-se para descolar de um porta-aviões estacionado no golfo Pérsico Robert Burck/US Navy/AFP

Os bombardeamentos concentraram-se sobretudo na zona fronteiriça entre o Iraque e a Síria – considerada estrategicamente crucial para o transporte de homens e armas do EI. O Pentágono confirmou que os EUA e os aliados árabes atacaram posições do EI na cidade iraquiana Al-Bukamal, situada junto à principal via que liga o Leste da Síria aos territórios que os jihadistas controlam mais a jusante, no vale do rio Eufrates.

Dois combatentes ocidentais na Síria anunciaram no Facebook que Ibrahim Kamara, um jovem de Brighton, em Inglaterra, conhecido na Síria como Khalil al-Britani, tinha morrido nos bombardeamentos de Alepo, noticiou o jornal britânico The Guardian. Não foi possível confirmar se a morte se deveria realmente aos ataques dos aviões americanos e árabes. 

Na manhã de quarta-feira o Observatório Sírio dos Direitos Humanos adiantou que aviões norte-americanos bombardearam durante a noite posições do EI em redor de Kobani, cidade curda que os jihadistas cercaram na semana passada, provocando a fuga de mais de 130 mil pessoas para a vizinha Turquia.

A organização, que recolhe informações de activistas locais, diz saber apenas que os aviões usados não eram sírios e chegaram à zona vindos da Turquia, uma informação desmentida depois por Ancara. Os EUA têm bases naquele país aliado mas, até agora, Ancara recusa que sejam usados nos ataques aéreos contra os jihadistas.

Numa entrevista à estação britânica BBC, o porta-voz do Pentágono reafirmou que os primeiros ataques — mais intensos e vastos do que a operação já em curso no Iraque — foram bem-sucedidos “a enfraquecer as capacidades” dos jihadistas. “Pensamos ter atingido o que queríamos atingir”, disse o almirante John Kirby.

Uma avaliação partilhada por alguns residentes em Raqqa, a cidade que o Estado Islâmico proclamou como sua capital, no Norte da Síria. “Estão concentrados a tentar salvar-se”, disse à AFP um activista local, que se identificou como Abu Yusef. Outro residente disse que, após os ataques aos edifícios que ocupavam na cidade, centenas de combatentes que patrulhavam as ruas desapareceram. “Fugiram para o campo. Há um êxodo neste momento.”

Kirby rejeita, no entanto, triunfalismos: o EI — que controla o Leste da Síria, o Oeste e partes do Norte do Iraque — tem demonstrado grande capacidade para se adaptar e reagir a mudanças, o que representa “uma séria ameaça que não será eliminada em dias ou meses”.

“Vai exigir um esforço sério de todos os envolvidos. Acredito que estamos a falar de anos”, afirmou Kirby. Já o Presidente Barack Obama tinha sublinhado que o envolvimento dos militares americanos na luta contra as forças do Estado Islâmico seria longo, sendo uma tarefa para o seu sucessor concluir.

As dificuldades sublinhadas por Washington encontram confirmação no terreno. Perante os bombardeamentos da coligação internacional, as forças do EI têm intensificado a pressão sobre a região curda, no intuito de tomar Kobani, depois de os jihadistas terem capturado várias cidades próximas.

Apesar de algum atraso que os ataques têm causado ao progresso do EI, a resistência curda tem descrito a chegada de cada vez mais forças islamistas às imediações de Kobani. Os avanços levaram ao maior êxodo desde que começou a guerra civil síria. “Quando eles capturam uma cidade, cortam a cabeça a uma pessoa para causar medo a toda gente”, contou à Reuters Mazlum Bergaden, um professor acabado de chegar à Turquia com a família.

Depois de somar o apoio de vários países árabes e de França, os EUA vão poder passar a contar com a assistência militar holandesa e belga. O Governos dos dois países decidiram colocar, no total, 12 caças F-16 à disposição para o combate aos jihadistas, mas apenas sobre o território iraquiano, tal como Paris. Nesta sexta-feira, o Parlamento britânico vai discutir a participação militar na coligação internacional.

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