Francisco saúda a Albânia com um país “modelo” de convivência religiosa

Visita de um dia a Tirana serve para o Papa denunciar a utilização de Deus como um “escudo” pelos movimentos fundamentalistas religiosos.

Apesar da segurança reforçada, o Papa não prescindiu do seu jeep descapotável
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Apesar da segurança reforçada, o Papa não prescindiu do seu jeep descapotável Arben Celi/Reuters
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“Que ninguém pense poder usar Deus como um escudo quando projecta e executa actos de violência e desrespeito! Que ninguém use a religião como pretexto para actuar de forma contrária à dignidade dos homens e dos seus direitos fundamentais”, disse Francisco aos dirigentes albaneses.

Já no avião a caminho de Tirana, o Papa tinha dado o tom da sua visita, sublinhando a “feliz característica” da Albânia: “A convivência pacífica e a colaboração entre os que pertencem a diversas religiões”. Segundo o Papa, citado pelo jornalista do El País que acompanha a visita, “o clima de respeito e confiança recíproca entre católicos, ortodoxos e muçulmanos é um bem precioso para o país, que ganha uma relevância especial neste tempo em que, da parte de grupos extremistas, se desnaturaliza o autêntico sentido religioso as diferenças entre as diversas confissões são distorcidas e instrumentalizadas, fazendo delas um factor perigoso de conflito e violência em vez de serem um pretexto para um diálogo aberto e respeitoso”.

O Papa foi recebido pelo primeiro-ministro Edi Rama, um católico, e depois pela festa de centenas de milhares de pessoas que saíram à rua para o receber e celebrar a eucaristia na Praça da Mãe Teresa, assim baptizada em honra de Madre Teresa de Calcutá, que nasceu albanesa.

Num carro descapotável, Francisco percorreu a avenida principal de Tirana onde foram expostas fotos dos mártires cristãos durante o período comunista e parou várias vezes para saudar pessoas e pegar em crianças ao colo. As medidas de segurança foram reforçadas, por se temer alguma tentativa de atentado dos movimentos jihadistas contra o Papa. A Albânia é um país de maioria muçulmana (56%) do ramo sunita, o mesmo a que pertencem os radicais do Estado Islâmico, que combatem no Iraque e na Síria.

No encontro com o Presidente Bujar Nishani, Francisco saudou calorosamente o “país das águias”, “um país de heróis que sacrificaram a sua vida pela independência da Nação e um país de mártires que deram provas da sua fé face às perseguições”.

Hysen Doli, 85 anos, um albanês muçulmano que se deslocou a Tirana com os dez membros da sua família para ouvir a missa de Francisco, explicou à AFP que, apesar de pertencer a outra comunidade religiosa, quis receber a bênção do Papa “por respeito e reconhecimento”.

Quando Francisco anunciou, no regresso da sua viagem à Coreia do Sul, que a sua próxima visita ao estrangeiro seria à Albânia, justificou a escolha como uma homenagem a uma igreja que mal sobreviveu a uma terrível ditadura marxista precedida de cinco séculos de domínio otomano. “Foi o único dos países comunistas que inscreveu o ateísmo na sua Constituição: 1820 igrejas, ortodoxas e católicas, foram destruídas”, recordou o Papa de 77 anos, que segundo vários jornalistas, se apresentou nesta viagem visivelmente cansado.

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