Os dados foram publicados nesta quarta-feira pela Associação Europeia de Fabricantes Automóveis e indicam que o sector, fortemente afectado pela crise económica, continua a dar mostras de uma recuperação já iniciada no ano passado. Em 2012, as vendas de automóveis ligeiros na UE tinham caído para o valor mais baixo desde 1995. Já em Portugal, era preciso recuar até 1985 para encontrar vendas tão baixas.

O secretário-geral da Associação Automóvel de Portugal, Hélder Pedro, justifica o crescimento com a quebra acentuada que o mercado português sofreu: “Os valores são percentualmente elevados porque Portugal foi em 2012 o país na UE que mais desceu”. 

Hélder Pedro sublinha ainda que as vendas estão 22% abaixo do que foi a média do sector ao longo dos últimos dez anos e diz não estar optimista. “Não recuperámos, como é óbvio, face à última década. No ano passado, com indicadores mais favoráveis, nomeadamente ao nível da confiança dos consumidores, o mercado automóvel começou a ter uma variação positiva. Mas não vamos recuperar [totalmente].”

Notando não ter dados de facturação, o secretário-geral da ACAP referiu também que a procura tem sido feita pelo lado dos modelos mais baratos. “Os modelos que são comprados agora, por um lado pela própria componente fiscal, por outro pela situação económica, são modelos de menor cilindrada”.

Em segundo lugar na lista dos países da UE com melhor desempenho nas vendas de automóveis está a Irlanda, outro dos países que recebeu um resgate financeiro internacional e onde o crescimento foi de 30,1%, tendo sido vendidos 89 mil carros.

Ao todo, 18 países tiveram crescimentos de dois dígitos nos primeiros oito meses de 2014, incluindo o Reino Unido, que é o segundo maior mercado da UE e onde as vendas subiram 10,1%. Mais modesta foi a procura na Alemanha, onde se vende mais automóveis do que em qualquer outro Estado-membro, mas onde o crescimento foi de apenas 2,6%. Por outro lado, na Holanda, Áustria e Bélgica o sector sofreu recuos.

Fazendo apenas as contas ao mês de Agosto, Portugal mantém uma posição cimeira, com mais 26% de vendas do que no ano passado, atrás apenas da Irlanda. No mês passado, a média da União Europeia ficou-se pelos 2,1%.

Já entre os fabricantes, o grupo Volskwagen (que inclui também as marcas Audi, Seat e Skoda) conseguiu reforçar a liderança na União Europeia, com uma ligeira subida da quota de mercado, de 25% para 25,4%, Pelo contrário, o concorrente mais próximo, o Grupo PSA (Peugeot e Citroën) passou de uma fatia de 11,2% para 11%. Em terceiro lugar, a Renault (de cujo grupo faz também parte a marca Dacia) conseguiu conquistar algum terreno, ao passar de uma quota de mercado de 8,9% para 9,8%, sendo a empresa que registou o maior crescimento entre estes três grupos.