Açores lançam guia para a prática de “canyoning”

O lançamento do guia será feito durante o 1.º Encontro Internacional de Canyoning nos Açores, que decorre de 28 de Setembro a 3 de Outubro na ilha das Flores. Um desporto radical em crescimento que envolve a descida de quedas de água

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Cyril Bèle/FLICKR

Os Açores vão passar a dispor de um guia bilingue onde estão sinalizados mais de uma centena de locais para a prática de canyoning, uma modalidade em expansão no arquipélago, que pretende "rivalizar" com outros destinos.

Francisco Silva, coordenador da secção de canyoning da Associação Desnível e um dos autores do guia, em conjunto com Maria do Céu Almeida e Paulo Pacheco (um dos primeiros canyonistas da região e coordenador da secção açoriana da Desnível), adiantou à Lusa que se trata de uma edição em português e inglês com "104 referências de canyoning nos Açores, das quais 42 são nas Flores", a ilha "com maior potencial".

"Há mais canyonings nos Açores do que no continente. Além disso, o nosso guia supera em muito mais do dobro as referências na Madeira", frisou Francisco Silva, para quem as ilhas açorianas têm potencialidades para complementar a oferta do arquipélago madeirense.

Além disso, a expansão da modalidade permite, no seu entender, combater a sazonalidade do turismo e promover a vinda de turistas a ilhas com menor procura, salientando que existe "uma diversidade geográfica por ilha" e em termos dos períodos para a prática da modalidade.

"Santa Maria é muito mais interessante de Inverno e Primavera porque é uma ilha mais seca e também mais quente. Flores é uma ilha muito mais pluviosa, pelo que os períodos de maior potencial são a Primavera, o Verão e o Outono. Em São Miguel, todo o ano é possível associado à animação turística e isto é uma das grandes vantagens também no combate à sazonalidade" do turismo, exemplificou.

Flores e São Jorge são consideradas as ilhas com melhores condições para a prática deste desporto, mas São Miguel, Santa Maria, Faial e Terceira têm também sinalizados percursos.

De acordo com Francisco Silva, as ilhas das Flores e São Jorge têm "um grande atractivo" comparativamente com outros destinos de canyoning de montanha: "as cascatas com vista para o mar, algumas delas inclusive com saída na costa ou no mar".

"O canyoning tem um enorme potencial para a animação turística, aliando o turismo de natureza à vertente de um turismo de emoções e experiências e esta é uma vertente que interessa também muito aos Açores", salientou ainda, lembrando que se trata de uma modalidade que pode ser praticada "quase todo o ano, à excepção dos períodos de chuva muito torrencial, por questões de segurança".

O lançamento do guia vai ocorrer durante o primeiro Encontro Internacional de Canyoning nos Açores (CIMA - Canyoning Internacional Meeting in the Azores), que decorre de 28 de Setembro a 3 de Outubro na ilha das Flores, numa coorganização da Associação de Desportos de Aventura Desnível e Turismo dos Açores.

O que é o canyoning

A associação Desnível explica: "é uma modalidade desportiva e lúdica relativamente recente mas com enorme potencial desportivo e turístico e forte crescimento", "consiste na descida a pé e a nado, de linhas de água com elevado declive ou encaixe, geralmente próximo da sua nascente e em regiões de montanha. Na descida são utilizadas diversas técnicas como o rapel, saltos, destrepes e tobogãs". A modalidade é "muito apreciada principalmente porque conjuga algumas técnicas associadas ao montanhismo, com outras da espeleologia e ainda outras das águas bravas. O ambiente é, em geral, de grande beleza paisagística e imponência e são raros os vestígios da acção humana". Actividade em crescimento, em Portugal, referem, "pratica-se essencialmente nas serras do Noroeste, na ilha da Madeira e em três das ilhas açorianas: Flores, São Jorge e São Miguel".