Profissionais de saúde do Algarve em greve pela defesa do SNS

Médicos afectos à FNAM não estão a participar na greve dos profissionais de saúde no Algarve, porque pré-aviso não foi entregue “atempadamente”. No Hospital de Faro a adesão dos enfermeiros ronda os 87%.

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Enfermeiros, médicos, pessoal administrativo e auxiliares de acção médica em defesa do SNS do Algarve Foto: Fábio Teixeira

De acordo com Guadalupe Simões, do SEP, esta foi a adesão registada naquelas unidades, no turno da noite, que teve início às 0h e terminou às 8h. “A perspectiva para o turno da manhã é que esta adesão se mantenha e nos centros de saúde o impacto seja bastante apreciável”, explicou, acrescentando que os números são um “bom indicador”.

A greve, que começou às 0h e tem a duração de 24 horas, é a primeira paralisação conjunta no Algarve que congregará enfermeiros, médicos e profissionais da função pública, nomeadamente pessoal administrativo e auxiliares de acção médica, segundo os representantes do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), do Sindicato dos Médicos da Zona Sul e do Sindicato da Função Pública do Sul.

Fontes do SEP e do Sindicato da Função Pública do Sul esperam contar com uma forte adesão por parte dos profissionais de saúde do Algarve, mas apelaram também à participação da população algarvia na Tribuna Pública que as estruturas sindicais marcaram para as 17h, em frente à sede da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve.

Nuno Manjua, coordenador do SEP do Algarve, apelou à mobilização de todos os cidadãos na Tribuna Pública, sublinhando que o objectivo é fazer da concentração um momento regional em defesa do SNS no Algarve.

De acordo com Margarida Agostinho, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, há muitos clínicos a abandonar os serviços por reforma ou reforma antecipada, devido às más condições de trabalho, que se traduzem sobretudo na falta de pessoal e de material e tornam difícil manter as pessoas a trabalhar.

"Os médicos estão a sair por reformas, estão a pôr reformas antecipadas nos hospitais e nos centros de saúde, porque realmente as condições de trabalho deterioraram-se muito", afirmou Margarida Agostinho, questionando as vantagens da criação do Centro Hospitalar do Algarve (CHA) e da consequente fusão dos três hospitais da região – Faro, Portimão e Lagos – no Verão passado.

Rosa Franco, do Sindicato da Função Pública do Sul, chamou a atenção para a importância do papel desempenhado nas unidades de saúde pelo pessoal administrativo e auxiliar e apontou inúmeros problemas nos serviços, que passam pela recolha do lixo ou pela obrigação de profissionais em fazerem escalas de 16 horas. "As instituições de saúde não funcionam sem os auxiliares, principalmente porque fazem parte da equipa multidisciplinar de saúde e sem os auxiliares não há serviço nenhum que funcione", sublinhou.

Sem pré-aviso
Os médicos afectos à Federação Nacional dos Médicos (FNAM) não estão, porém, a participar na greve, uma vez que o pré-aviso não foi entregue “atempadamente”, disse Margarida Agostinho, representante do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, acrescentando que não foi possível colocar “atempadamente” o pré-aviso de greve, situação que foi transmitida aos médicos afectos àquela estrutura sindical.

“Posteriormente colocou-se a hipótese do pré-aviso do Sindicato da Função Publica, como era geral para o Algarve, poder dar cabimento à participação dos médicos na greve, mas como a leitura não era linear, nada garantia que as administrações do hospital e Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve aceitassem essa leitura, pelo que os nossos sócios foram informados da situação”, disse Margarida Agostinho. De acordo com a mesma responsável os médicos vão participar na Tribuna Pública, mas em relação à greve não têm pré-aviso.

A sindicalista lembrou que os médicos do Algarve desde o início do processo estão unidos na defesa do SNS, na sua “qualidade e condições de trabalho para os trabalhadores e utentes”, tendo participado na greve geral de 8 e 9 de Junho.