Assembleia geral do BES marcada para esta quinta-feira foi desconvocada

ESFG, em gestão controlada, pediu a desconvocação da assembleia geral extraordinária.

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REUTERS/Rafael Marchante

Em comunicado enviado à comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o presidente da Mesa da Assembleia Geral do BES esclarece que a ESFG, que detém 20,1% do BES, "invoca os factos supervenientes e inesperados entretanto ocorridos" para pedir a desconvocação da AG.

Esta desconvocação surge no mesmo dia em que o Tribunal do Comércio do Luxemburgo aceitou o pedido de gestão controlada da holding do grupo Espírito Santo e agravou as perdas das acções do BES. Os títulos encerraram a sessão desta terça-feira a perder 10,60%, abaixo do máximo de perdas que chegou a registar, de 13,82%.

Todos os pontos da ordem de trabalhos da assembleia geral foram apresentados pela ESFG e pelo Crédit Agricole e ficam, assim, sem efeito, esvaziando consequentemente de conteúdo a reunião da Assembleia Geral prevista para o dia 31 do corrente mês.

Com a desconvocação, fica sem efeito a criação do conselho estratégico, que deveria apoiar o conselho de administração na definição da estratégia societária. Também a nomeação de Paulo Mota Pinto fica, para já, sem se concretizar.

A desconvocação não tem efeitos na equipa de gestão, porque Vítor Bento (novo presidente executivo), João Moreira Rato (administrador financeiro) e José Honório (vice-presidente), foram cooptados, nomeação que terá de ser confirmada em próxima AG.

“A mesa da assembleia geral do BES, ciente da complexidade das circunstâncias que levaram a esta mudança de posição dos dois accionistas proponentes, e lamentando o incómodo que desta mudança, tomada nas vésperas da data marcada, possa advir para os demais accionistas, vem, assim, comunicar a desconvocação da Assembleia Geral Extraordinária que estava previsto realizar-se no Hotel Altis, em Lisboa, no dia 31 de Julho de 2014, às 10 horas”, refere o comunicado.

Está prevista para quarta-feira a divulgação de contas semestrais do BES referentes ao primeiro semestre do ano. O Expresso Diário avançou esta segunda-feira que as perdas podem ascender a três mil milhões de euros, o que obrigará a instituição a avançar com um aumento de capital.

Na sequência desta notícia, o Banco de Portugal veio reafirmar a solvabilidade da instituição e a existência de investidores disponíveis para ocorrer a um aumento de capital, se o mesmo vier a ser necessário.

Avistar transfere acções directamente para o BES
Noutra nota enviada à CMVM, pela PT, ficou a saber-se que é agora imputável ao BES uma participação total de 10,06% no capital social da empresa de telecomunicações. “Esta alteração resultou da celebração de um acordo, por transmissão fora de mercado regulamentado” de 90 milhões de acções representativas de 10,04% do capital e votos da PT detidos pela “Avistar, uma sociedade integralmente detida pelo BES, a favor do BES”, explica a nota da PT.

Após a operação realizada a 16 de Julho, fora de bolsa, a participação qualificada do BES na PT elevou-se para um total de 90.145.122 acções ordinárias representativas de 10,06% do capital e votos (ao BES correspondem 90.004.218 acções, a sociedades em relação de domínio ou de grupo com o BES, 120.688 acções, e, a elementos dos órgãos sociais do BES, 20.216 acções ordinárias da PT).

Segundo a informação divulgada pela PT, a transmissão foi feita “ao preço de 1,83 euros por acção”, o que perfaz quase 165 milhões de euros, acima do actual valor de mercado dos títulos da operadora de telecomunicações. Tomando como referência o valor de fecho dos títulos da PT na sessão bolsista de segunda-feira, esta posição vale cerca de 155 milhões de euros. Com Ana Brito
 

   


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