Antigos romanos podiam optar entre a inumação e a cremação
Necrópole descoberta no sítio arqueológico de Óstia Antica, perto de Roma, mostra que no seio de uma mesma família alguns mortos eram inumados (os corpos eram colocados numa sepultura) e outros cremados.
Nos estaleiros de um local de escavações descobriram-se agora esqueletos sepultados a escassos centímetros de urnas contendo cinzas, uma proximidade que demonstra que os antigos romanos tinham “total liberdade para decidir o destino a dar ao seu corpo após a morte”, diz a directora deste sítio arqueológico, Paola Germoni, observando que esta prerrogativa cessou com o advento da era cristã, durante a qual prevaleceu a inumação como única forma aceitável de sepultura.
Óstia Antica, que é hoje o terceiro complexo patrimonial mais visitado de Itália, a seguir ao Coliseu de Roma e a Pompeia, fica perto da foz do Tibre e foi sempre, diz Germini, uma povoação “muito aberta e dinâmica”. A responsável do sítio nota ainda que esta singular contiguidade entre inumações e cremações diz respeito, em alguns casos, a indivíduos de “uma mesma família”, ainda que no “alargado conceito romano do termo família”.
As escavações em curso abrangem uma vasta área de cerca de 15 quilómetros quadrados, na qual tinham já sido descoberto vestígios de uma antiga residência de uma família aristocrática, da qual chegou até nós um notável pavimento em mármore polícromo.
Até ao momento, foram postas a descoberto dez sepulturas, algumas delas com inscrições lançando pragas sobre eventuais profanadores de túmulos.
Segundo a tradição, Óstia teria sido fundada no século VII a. C. pelo lendário quarto rei de Roma, Ancus Marcius, com o triplo objectivo de garantir o acesso ao mar, assegurar o fornecimento de trigo e sal, e ainda impedir uma possível frota inimiga de subir o Tibre.