Se ainda existiam dúvidas sobre a razão que levou o primeiro dia do festival Optimus Alive a esgotar bilheteiras, elas estavam definitivamente dissipadas pouco depois da meia-noite. À frente do palco NOS, um mar de gente estava ávido para ver e ouvir os britânicos Arctic Monkeys (55 mil pessoas, segundo dados da organização). Numa demonstração de que não pretendiam desiludir o público, a banda abriu com o inconfundível “Do I Wanna Know”.
Os primeiros acordes do single que marca o mais recente álbum da banda — “AM” — foram o suficiente para rasgar sorrisos na audiência e ao primeiro verso — “have you got colours in your cheeks?” — o público mostrou que estava de corpo e alma com Alex Turner e a sua banda. Impecavelmente penteado num estilo que inevitavelmente nos faz pensar em Elvis Presley (note-se que há sites com tutoriais para ter o cabelo igual ao do músico de 28 anos), Turner mostrou que sabe o que anda a fazer desde 2002. Seguro da boa música que proporciona a quem o ouve, Turner não precisou de andar de um lado para o outro no palco ou de grandes interacções com o público — a voz, a forma de segurar o microfone e um leve balançar do corpo são o suficiente para fazer suspirar a audiência feminina e fazer o público masculino comentar com o amigo do lado: “Este gajo é mesmo um patrão”.
O quarteto composto, além de Turner, por Jamie Cook, Matt Helders e Nick O’Malley tocou quase todas as músicas do "álbum AM" (apenas ficou de fora "Mad Sounds") e foi intercalando a "tracklist" do disco com clássicos como “505”, “I Bet That You Look Good On The Dance Floor” ou “She’s Thunderstorms”. O público conhecia o passado e o presente da banda e acabou a cantar em uníssono “All I wanna hear her say is ‘R u Mine?’”. Para muitos o Alive estava feito.
Antes dos Arctic Monkeys tinham estado no mesmo palco os nova-iorquinos Interpol. Num concerto menos vibrante que o da banda britânica, mas com uma qualidade musical de excelência, Paul Banks, Sam Fogarino e Daniel Kessler alternaram entre os clássicos e os temas mais recentes e mostraram por que vão a caminho das duas décadas de experiência. A começar com “Say Hello To The Angels”, o grupo terminou com o single “Slow Hands”, onde a voz de Banks se conjuga num perfeito jogo de sons com os acordes das poderosas guitarras da banda.
Ainda estava de dia quando os Imagine Dragons, também responsáveis por levar muito público — grande parte adolescente — até ao Passeio Marítimo de Algés, subiram ao palco. A banda de Las Vegas levou o pop rock ao festival e entreteve um público que sabia de cor as músicas e que até teve direito a uma cover de Blur.
São também de destacar as actuações dos britânicos Temples, no palco Heineken, e dos norte-americanos The Lumineers, no palco NOS. Os primeiros, numa estreia em Portugal, deixaram a audiência a desejar um breve regresso, quem sabe para um palco maior. Apresentaram o álbum "Sun Structures" num fim de tarde de calor e, de copo na mão, o som psicadélico da banda não podia ter soado melhor.
No palco NOS estavam os The Lumineers, com um folk feliz e orquestral de que é difícil não gostar. Também no estilo folk tinha estado Ben Howard, mas com alguns problemas no som que não o terão deixado brilhar o que se supunha.
Com pouca gente, mas uma batida electro de referência, esteve o projecto alemão Pantha du Prince. O palco Clubbing encheu às duas da manhã ao som de Jamie XX. Esta noite há mais e as expectativas estão altas.
Artigo actualizado às 14h27 de 12 de Julho.
Foram corrigidos os nomes dos elementos dos Interpol.