Conhecer os bairros seguindo os seus moradores, passear por Lisboa e pelo caminho ajudar a distribuir refeições aos mais carenciados, limpar o fundo do mar ou, até, no futuro, passear guiados por cidadãos sem-abrigo. São propostas da primeira agência nacional exclusivamente dedicada ao Turismo Solidário, a impacTrip.
“Já existiam alguns projectos antes da impacTrip, nomeadamente no Porto, mas nós somos a primeira agência dedicada a estas experiências turísticas únicas”, disse à Fugas Rita Marques, co-fundadora da empresa juntamente com Diogo Areosa.
Através de parcerias com organizações sociais, o que esta agência 100% portuguesa propõe são férias ou passeios únicos que também sejam usados para conhecer, de facto, outras realidades e terem um “impacto positivo” quer a “nível social quer ambiental”. Definindo-se como uma agência de viagens social, a missão passa por "combater as desigualdades sociais através do turismo solidário".
O mais importante aqui é o impacto que as viagens vão ter. Pretendem mudar a forma de viajar dos portugueses mostrando que “não se conhece um sítio a sério até se conhecerem as pessoas”, sintetizam no site. “Queremos apostar na dinamização das zonas rurais e do interior do país, zonas um pouco marginalizadas e que têm muito para oferecer”, acrescenta ainda Rita. Haverá propostas por Porto e Lisboa mas também, entre outros, Açores, Peniche, Sesimbra ou Algarve.
Todas as experiências são adaptadas consoantes o perfil do viajante, isto é, os projectos em que os turistas vão trabalhar são escolhidos conforme as suas competências e preferências. Este perfil é criado com um registo no site da impacTrip, onde esta procura encontrar as preferências turísticas ao nível do voluntariado de cada cliente.
Mergulhar no Atlântico, aliando o contacto com paisagens subaquáticas com a limpeza das águas, trazendo o lixo marítimo para reciclagem, é uma das experiências disponíveis na agência. Está disponível nos Açores, Peniche, Sesimbra e Lagos e tem preços que vão dos 48 aos 388 euros, consoante o local e a aptidão de mergulho dos participantes.
Conhecer o lado “mais puro” de Lisboa é outra das alternativas. Além de passeios guiados pela cidade pode-se ter contacto directo com outras Lisboas, sendo voluntário na distribuição de refeições quentes aos sem-abrigo da cidade. No programa Lisboa Pura, por exemplo, entra ainda uma actividade de voluntariado de acordo com o perfil do turista, estada em hotel e almoços, mas também passeios pelas colinas de Lisboa sem evitar as ruas dos sem-abrigo (“Esta é uma realidade de Lisboa e não a pretendemos mascarar”). O preço pode variar entre 120 e 220 euros conforme duração escolhida (2 ou 4 dias).
Entre outras ideias, pode também conhecer-se o bairro da Mouraria segundo os seus próprios moradores. O programa nasceu em parceria com a associação Renovar a Mouraria, que deu formação a moradores para que levem os viajantes a conhecer as histórias do emblemático bairro. Também para já têm disponível uma actividade que consiste em viajar num barco à vela ajudando jovens institucionalizados.
Em breve, mais duas experiências serão adicionadas ao leque de oferta. Casos da Porto Autêntico que vai levar os viajantes a conhecer a Invicta através de projectos de cariz social ou ambiental ou a Construir o Futuro que vai pôr um grupo de pessoas a ajudar na construção de casas para famílias desfavorecidas. E ainda a Refúgio da Igualdade, onde os turistas vão estar alojados numa aldeia com a missão de fazer terapia a jovens com deficiência.
No futuro, um dos grandes projectos passa pela criação das Rotas de Inclusão, programas que incluem visitas pela cidade de Lisboa em que os cantos e recantos da cidade são revelados por cidadãos sem-abrigo (uma iniciativa que já existe no Porto).
“Estas ainda não estão em funcionamento. Porque estamos a dar formação aos sem-abrigo, onde estamos a trabalhar a relação com o cliente, mostrar-lhes o que é ser um guia turístico e ainda conseguir transformar a visão deles numa rota turística que tenha interesse e conteúdo”, explica-nos Rita Marques.
Numa fase inicial será só em Lisboa que irão estar disponíveis estas rotas, mas se o projecto correr bem Rita assegura-nos que a agência pretende alargar o serviço a outras cidades portuguesas. “Não há previsão de quando esteja disponível, devido aos ritmos das pessoas, mas provavelmente este Verão ainda não estará disponível”, refere.
O grande passo de divulgação do trabalho desta agência que promete “viagens diferentes que fazem a diferença” aconteceu no primeiro dia de Julho, com o lançamento do site oficial, onde se poderá consultar toda a oferta da agência.
Texto editado por Luís J. Santos