Nature retira artigos de bióloga japonesa culpada por má conduta científica

Revista anunciou esta quarta-feira a retirada de dois estudos sobre alegada técnica simples para gerar células estaminais.

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Haruko Obokata foi considerada culpada de má conduta científica AFP/JIJI PRESS

Recorde-se que a cientista japonesa Haruko Obokata, do Centro RIKEN para a Biologia do Desenvolvimento, em Kobe (Japão), e colegas anunciaram, em Janeiro deste ano, um novo método extraordinariamente simples de criação de células estaminais semelhantes às dos embriões. A técnica consistia em forçar células diferenciadas de ratinho a regressar à “infância” mediante um curto mergulho numa solução ácida. De tão simples, o método, revelado em dois artigos na revista Nature, e noticiado em todo o mundo, prometia impulsionar a investigação na área da medicina regenerativa.

Mas cedo choveram dúvidas, que acabariam por levar Haruko Obokata a ser considerada culpada, pelo RIKEN, de má conduta científica. A cientista aceitara, em Maio, retirar de publicação um dos dois artigos, considerado secundário – e finalmente, em Junho, também o artigo principal, que descreve a técnica propriamente dita. E foi agora a vez da própria Nature, a quem cabia a última palavra, de os retirar oficialmente, "com o acordo de todos os co-autores".

“Esta semana, a Nature publica as retractações de dois artigos que tiveram grande visibilidade e que alegavam ter conseguido um avanço decisivo na área das células estaminais”, lê-se no editorial publicado pela revista científica britânica, que é publicada às quintas-feiras, na sua edição desta semana e no seu site.

“Os problemas que surgiram no início não minavam basicamente as conclusões dos artigos (…), mas desde o inquérito lançado pelo RIKEN que se tornou claro que dados essenciais para as afirmações dos autores tinham sido apresentados de forma enganosa.”

Os dois artigos permanecerão no site da revista, embora com as suas páginas barradas pela palavra “RETRACED”, porque “retirar artigos do site de uma revista seria como tentar rescrever a história”, explica ainda o editorial.

A Nature escreve ainda que, embora não fosse possível os avaliadores iniciais dos artigos detectarem as “falhas fatais” dos artigos, este caso mostrou que os procedimentos de avaliação da qualidade dos artigos submetidos para publicação precisam de ser revistos, “para garantir que o financiamento público não é esbanjado nem a confiança dos cidadãos na ciência traída”.

Os pormenores das falhas de cada artigo estão acessíveis aqui e aqui.
 

   

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