A Cidadela de Erbil, no Iraque, já é Património Mundial da UNESCO

Organização classificou ainda a paisagem cultural de Batir, terra de oliveiras e vinhas a Sul de Jerusalém.

Há quatro anos que a cidadela de Erbil estava na lista provisória do património mundial da UNESCO
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Há quatro anos que a cidadela de Erbil estava na lista provisória do património mundial da UNESCO Nuno Ferreira Santos
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Organização classificou ainda a paisagem cultural de Batir, terra de oliveiras e vinhas a Sul de Jerusalém. AFP
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A AFP

A novidade, que vai contra os avisos dos especialistas que alertam para os perigos, por esta ser uma zona de conflito, foi anunciada pela sheikha Al Mayassa Bint Hamad Bin Khalifa Al-Thani, filha do emir do Qatar e que preside à 38.ª sessão do comité da UNESCO.

Para o representante da delegação iraquiana, esta classificação da UNESCO “é um presente” para o seu povo e para todas as comunidades do Iraque. “Para todas as cores do meu país que tanto precisa neste momento de uma nota de optimismo”, reagiu em Doha, entre aplausos, o responsável, citado pela AFP.

Esta decisão surge num momento particularmente difícil para o Iraque, que luta contra o avanço jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) nos últimos dias e que há cerca de duas semanas tomaram Mossul, a segunda maior cidade do país, obrigando meio milhão de pessoas a fugir. Mossul fica a apenas 77 quilómetros de Erbil. Os jihadistas tomaram ainda uma grande parte da província de Ninive, Tikrit e outros sectores das províncias de Salaheddine, Diyala (no Leste) e Kirkuk (norte).

De acordo com a AFP, o comité do Património Mundial não teve em conta o relatório desfavorável à classificação da Cidadela de Erbil feito pelo Conselho Intermunicipal dos Monumentos e Sítios (Icomos), que aconselhava a UNESCO a adiar a consideração desta nomeação. Segundo o Icomos, “os argumentos sobre a questão da classificação da Cidadela de Erbil não contribuem para demonstrar a justificação do valor universal excepcional proposto nesta fase”.

A Cidadela de Erbil é uma antiga cidade fortificada construída em cima de uma imponente montanha. Com mais de oito mil anos de história, Erbil é a cidade mais antiga do mundo continuamente habitada.

A paisagem cultural de Batir, terra de oliveiras e vinhas a Sul de Jerusalém que a Autoridade Palestiniana diz estar "ameaçada" pelo avanço do muro que separa Israel da Palestina também foi classificada como Património Mundial da mas entrou também para a lista do Património em Perigo, tendo em conta a posição vulnerável em que se encontra e que, segundo a UNESCO, poderá causar danos irreversíveis ao sítio.

Os 21 membros do Comité classificaram ainda a cidade histórica de Jeddah, na Arábia Saudita, um dos portos mais importantes das rotas comerciais do Oceano Índico desde o século VII. Também aqui o comité não seguiu as indicações do Icomos, que aconselhava que se fizesse uma reavaliação da candidatura, uma vez que “grande parte do tecido urbano está deteriorado ou desapareceu durante os últimos 50 anos”.

Também classificadas foram a zona industrial de Van Nelle, em Roterdão, “uma das jóias da arquitectura industrial do século XX”, construída nos anos 1920 ao longo de um canal de Roterdão, e fábrica de seda japonesa Tomioka em Gunma, a noroeste de Tóquio, e considerado um testemunho “da entrada do país no mundo moderno industrializado”.

A mais recente classificação até ao momento é a de um vasto e antigo sistema viário construído pelos incas e que abrange seis países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru. Conhecida como Qhapaq Nan, esta rede de estradas é uma façanha de engenharia: abrange cerca de 30.000 km, foi construída ao longo de séculos e atravessa montanhas, vales e desertos. Os seis países envolvidos chegaram a acordo para apresentar uma candidatura comum, comprometendo-se a trabalhar em conjunto no restauro e preservação deste testemunho da civilização inca.

Até ao dia 25, a UNESCO avalia a classificação de 30 novos candidatos.

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