Amazon lança o seu primeiro telemóvel
Fire Phone tem uma funcionalidade para identificar livros, músicas e filmes.
Na apresentação do telemóvel, o presidente da Amazon, Jeff Bezos, fez questão de sublinhar a integração com os serviços da empresa: as fotografias podem ser armazenadas gratuitamente nos serviço de alojamento de ficheiros, as aplicações dão acesso ao catálogo de livros electrónicos, aos filmes e às séries (que não estão disponíveis para Portugal), e é possível usar o serviço de streaming de música. Estes conteúdos, porém, podem também ser consumidos a partir dos aparelhos da concorrência, incluindo o iPhone e o iPad, os smartphones e tablets com Android e computadores.
O analista da IDC Francisco Jerónimo, director de pesquisa para o mercado de telemóveis na Europa, diz estar “desapontado” com o aparelho. “A Amazon foi a empresa que revolucionou as compras online. Se eles realmente quisessem revolucionar [nos telemóveis], tinham feito uma série de funcionalidades ligadas ao site. Este telefone não traz benefício absolutamente nenhum”, critica.
Francisco Jerónimo aponta um preço “demasiado elevado”, as características técnicas semelhantes ao que já existe no mercado e o facto de a ligação aos serviços da empresa poder também ser feita através equipamentos que já estão no mercado. “Perderam uma oportunidade única”, considera.
Empresas de tecnologia como a Apple e o Google têm tentado criar uma lógica de ecossistema, procurando que os utilizadores liguem os seus vários dispositivos ao maior número possível de serviços online de uma empresa. O iPhone o o iTunes, da Apple, são um exemplo deste género de integração. Nos telemóveis, a Amazon vem competir num mercado dominado pelos Android e onde a Samsung é líder destacada: tinha uma quota global de 30,9% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com números da IDC. Segue-se a Apple com 15,5%, e a Huawei com 4,9%.
Já em Setembro de 2011, a Amazon tinha apresentado o seu primeiro tablet. No trimestre passado, a empresa conseguia ser o quinto maior fabricante mundial destes aparelhos, embora com uma pequena quota de apenas 1% do mercado.
Como habitual nos lançamentos da Amazon, a prioridade é o mercado americano, o único para o qual foram anunciados planos de venda. Nos EUA a Apple, que também tem lojas online de música, filmes e séries, tem a posição cimeira, mas os múltiplos Android têm vindo a ganhar terreno. O Fire Phone será vendido em duas versões: um modelo com 16 gigabytes de espaço de armazenamento custa 200 dólares, e um com 32 gigabytes tem um preço de 300 dólares (em ambos os casos, com um contrato com um operador). O Fire Phone tem um processador de quatro núcleos com velocidade de 2,2Ghz, dois gigabytes de memória RAM e uma câmara traseira de 13 megapixels. O ecrã tem 4,7 polegadas e incorpora tecnologia capaz de mostrar imagens com profundidade. Bezos mostrou esta tecnologia a ser usada numa aplicação de mapas (na qual alguns edifícios surgiam em 3D) e em jogos.
Para ajudar à integração com a loja online da Amazon, o telemóvel tem uma funcionalidade chamada Firefly, para a qual há um botão próprio, que permite apontar a câmara para a capa de um livro ou o cartaz de um filme e identificá-los, mostrando de seguida um ecrã onde é possível comprar os produtos identificados. O Firefly consegue ainda identificar músicas, uma funcionalidade que também já é oferecida por aplicações para smartphones.
O aparelho está equipado com uma versão própria do sistema operativo Android, tal como acontece com o Kindle Fire, em que alguns pormenores da interface estão vocacionados para o consumo de conteúdos digitais que a Amazon vende. Por exemplo, é possível criar um atalho para um livro ou revista no ecrã do telemóvel, como se fosse uma aplicação. Uma outra funcionalidade permite que o texto de um livro ou de um site deslize automaticamente, sem que o utilizador tenha de tocar no ecrã para fazer scroll.