Helmut Newton, dez anos depois e vezes dois

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O reencontro está marcado para Berlim: Helmut Newton uma vez mais, desta feita para assinalar os dez anos da fundação com o seu nome e os dez anos da sua morte com duas exposições que mostram dois inéditos pungentes. Um é a imagem do fotógrafo das amazonas e das composições de força e sensualidade depois de morto, feita pela sua mulher, June Newton, aliás Alice Springs (o seu nome de guerra profissional). Outro é a imagem de June contemplando o cadáver do marido. A Fundação Helmut Newton, que mora no Museu da Fotografia de Berlim, volta assim a Us and Them, de e com Helmut Newton e Alice Springs, o seu diário de bordo da viagem conjunta na vida, e a Sex and Landscapes, os retratos e fantasias de Newton a solo. Foram as mostras inaugurais da fundação, ainda escolhidas pelo próprio Newton antes da sua morte, num acidente de viação nos EUA, e foram as escolhas, dez anos passados, de June Newton para assinalar a data redonda e a identidade da fundação. 

Não há só sexy e fétiche, também há paisagem e vida doméstica, porque Newton “não queria fazer arte, queria transmitir a sua visão do mundo”, segundo o director da fundação, Manfred Heiting. Figura essencial da fotografia e imagem das décadas de 1980 e 1990, Newton imortalizou ou criou ícones. Gianni Versace, Naomi Campbell, Monica Bellucci, Carolina do Mónaco, June a passar a ferro nua, Helmut no duche também sem roupas. Us and Them é o espelho das diferenças que os uniam, um livro e uma exposição a duas vozes que não só retratam a vida a dois fotógrafos mas também a sua reciprocidade — fotografavam-se e fotografavam os mesmos sujeitos em sessões separadas e agora mostram-se novamente aos pares, a dele e a dela. Com Sex and Landscapes recuamos aos anos 1970 e chegamos a 2001 na fotografia de Helmut Newton, para ver alguns dos mais conhecidos contributos do fotógrafo para o conhecimento da anatomia feminina, mas também as paisagens e os cenários urbanos que o inspiravam.

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