UE lança programa de robótica e espera criar 240 mil empregos

Comissária Neelie Kroes apelou ao sector para dissipar os receios de que os robôs vão tirar o trabalho às pessoas.

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Inquérito da Comissão concluiu que a maioria das pessoas acredita que os robôs lhes podem tirar os empregos Rui GAudêncio

“A Europa precisa de ser um produtor e não apenas um consumidor de robôs. Os robôs fazem muito mais do que substituir humanos – frequentemente fazem coisas que os humanos não conseguem ou não vão fazer e que melhoram tudo, da nossa qualidade de vida à nossa segurança”, argumentou a vice-presidente da Comissão Europeia Neelie Kroes, que é também responsável pela agenda digital, num discurso em Munique, nesta terça-feira.

Da lista de entidades participantes, agregadas na associação euRobotics, com sede em Bruxelas, faz parte o Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra. 

Segundo números da Comissão, o mercado mundial de robôs terá este ano um valor de 22 mil milhões de euros. Em 2020, deverá ultrapassar os 60 mil milhões. Na Europa, o sector emprega 34 milhões de pessoas e a União Europeia representa 35% do mercado global. O objectivo do SPARC é aumentar esta quota para 42% daqui a seis anos.

No arranque do SPARC, Kroes fez questão de frisar que o mercado não é apenas o dos robôs industriais, mas o de máquinas que podem fazer todo o tipo de tarefas, como ajudar idosos e conduzir autonomamente nas estradas. “Já não é apenas sobre máquinas que são melhores, mais rápidas e mais baratas. É sobre robôs que podem ajudar em tudo o que fazemos; dispositivos que podemos usar; até implantes dentro do nosso corpo”, exemplificou a comissária, de acordo com a versão escrita do discurso, disponibilizada pela Comissão Europeia.

Uma das estratégias do programa passa por aumentar a presença europeia no mercado dos robôs industriais, onde a quota da União Europeia ronda um terço do mercado global. Por outro lado, no sector dos chamados robôs de serviços, ou seja, aqueles que desempenham tarefas de auxílio a humanos ou executam trabalhos fora do contexto de produção industrial, o bloco dos 28 países representa 63% do mercado.

Perante uma audiência de executivos do sector, Kroes apelou também a que a indústria se esforce por fazer com que as pessoas percam o medo de perder o emprego por causa dos robôs. Referindo-se a um inquérito levado a cabo pela Comissão Europeia em 2012, e no qual 70% dos inquiridos concordaram com a ideia de os robôs eram um risco para os empregos, Kroes afirmou ser necessário “dissipar a incerteza e falta de confiança”, aumentando a percepção dos cidadãos relativamente aos benefícios da robótica. “Se não o fizermos, isso vai tornar a nossa vida muito mais difícil – e o nosso crescimento económico também”.

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