Cavaco Silva diz que "o poder serve o povo"

O Presidente da República, de visita à China, convidou em Pequim os partidos "à paz consolidada" durante a sua visita à Cidade Proibida. Depois da reunião com o seu homólogo chinês, Xi Jinping felicitou a saída da troika e disse contar com Portugal para o seu relacionamento com os países de língua oficial portuguesa.

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Os dois Presidentes assinaram novos acordos bilaterais em diversas áreas
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Os dois Presidentes assinaram novos acordos bilaterais em diversas áreas REUTERS/Kim Kyung-Hoon
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“Viver isolado do povo não é boa coisa e ainda por cima fechado com 55 mulheres [entre mulheres e concubinas]. O imperador tinha dificuldade em resistir”, comentou Cavaco Silva no final da visita à Cidade Proibida, um complexo com vários palácios que foi sede do Império Chinês e onde viviam 100 mil pessoas. À entrada da Cidade Proibida está um enorme retrato do líder comunista Mao Tsétung que tomou o poder em 1949, data da constituição da República Popular da China. O complexo de grande dimensão e harmonia ostenta um sinal dos novos tempos: foi restaurado com suporte financeiro do American Express.

“A Cidade Proibida sugere que o poder estava isolado, fechado. E, por isso,é que hoje as coisas são diferentes, e já não há imperadores”. Confrontado com o facto de nos tempos de hoje, mesmo em democracia, o poder continuar distante do povo, Cavaco Silva disse: “Então é melhor o povo vir à Cidade Proibida”. E concluiu que é “o poder que serve o povo”

Momentos antes, ainda no decurso da visita ao recinto, quando se fazia fotografar com os quatro deputados que o acompanham (CDS, PSD, PS e PCP) observou “que estava na paz consolidada”. E desafiava os partidos a conseguirem alcançar essa “paz consolidada”. Para Cavaco Silva não era bom para o orçamento dos imperadores chineses terem 100 mil “funcionários públicos” a residir na Cidade Proibida, mas no que respeita ao governo ter 10 ministros “já era bom”.

O casal presidencial protagonizou outros episódios, um deles à volta das mulheres do Imperador, que podiam oscilar entre 15 e 55. Cavaco observou: “Se uma já é o que é...” E quando estava a assinar o livro de visitas Maria Cavaco Silva aproximou-se: “Eu posso por que só sou uma.”

Esta quinta-feira foi o dia mais importante da visita de Estado de Cavaco Silva ao país de Mao Tsé-tung, o grande timoneiro da revolução chinesa de 1949. Pois foi o dia em que se encontrou com a figura mais importante da República Popular da China: o presidente Xi Jinping, que desejou boa sorte à selecção portuguesa no Brasil. 

O Presidente da República foi recebido com pomba e circunstância por Xi Jinping, de quem partiu o convite para visitar a China. E ontem o presidente português retribuiu, convidando-o a visitar Portugal. Uma informação dada por Cavaco Silva quando intervinha na conferência de imprensa conjunta que decorreu no Grande Palácio do Povo, depois das duas comitivas terem reunido à porta fechada.

"Um novo ponto de partida histórico"
Os encontros entre os dois presidentes foram pautados pela cordialidade. “Há um ditado português que diz: Um amigo velho, é um parente”, afirmou Xi Jinping. E observou que há outro proverbio chinês: “Quando vem um amigo de longe, é motivo para tudo fazer.” Apesar de ser a primeira vez que estão juntos, Xi Jinping confessou ter a sensação de “reencontrar um velho amigo.”

Depois do encontro das delegações chefiadas por Cavaco Silva e Xi Jinping terem reunido à porta fechada, os dois presidentes realizaram uma conferência de imprensa conjunta. Jinping aproveitou para felicitar Portugal pelo facto de a troika estar agora de saída depois das "dificuldades" provocadas pela crise “das dividas”.

Para o presidente chinês, os dois países entraram "num novo ponto de partida histórico" e a China conta, agora, com Portugal para o seu relacionamento com os países de língua oficial portuguesa, isto sem pôr em causa a soberania de cada um, uma relação que Jinping classificou de "triangular". E que espera ainda o empenhamento de Portugal na promoção das ligações sino-europeias.

Música para os ouvidos de Cavaco Silva que na véspera, em Xangai, defendeu que “Portugal é uma importante porta para a Europa: O porto de Sines é o primeiro porto europeu de águas profundas no eixo da rota do oriente, venham [os navios] por África ou através do canal do Panamá".

Novos acordos à vista
Depois da intervenção de Xi Jinping, foi a vez de Cavaco Silva declarar que “as relações são sempre marcadas pela confiança e a confiança é fundamental nas relações entre países”. Os dois presidentes sublinharam, aliás, a forma positiva como decorreu a transição da soberania portuguesa de Macau para a China e defenderam novos acordos de cooperação bilaterais.

Uma posição em linha com o que momentos o seu homólogo tinha afirmado ao manifestar o desejo de aprofundar e desenvolver a parceria estratégica com Portugal, nos domínios económicos, científicos e culturais. Recorde-se que a China investiu, nos últimos dois anos mais de 4 mil milhões de euros, assumindo-se hoje como o maior accionista de três grupos portugueses: EDP, REN e Fidelidade.

Ontem mesmo na presença de Cavaco e de Jinping foram assinados vários protocolos de cooperação nas áreas da cultura, Língua, Educação, Desporto e Comunicação Social a vigorar entre 2014 e 2017 e ainda no sector da investigação na área das ciências do mar. Foram igulamente celebrados acordos empresariais entre a  EDP e a Three Gorges, o BES e o China Development Bank, assim como entre a Fosun e a Fideldade.

Cavaco Silva contou o que ouviu do seu homologo antes da conferência de imprensa ter arrancado: “Desejou boa sorte à selecção portuguesa no Brasil e sublinhou o papel desempenhado por Cristiano Ronaldo.”

O presidente português terminou a sua intervenção confiando que Xi Jinping terá "sucesso" no seu “sonho chinês” (Zhong Guo meng): o American Dream (êxito individual) é ampliado a toda a sociedade chinesa. Esta expressão é uma imagem de marca do Presidente lançada em 2012, quando assumiu a liderança do Partido Comunista Chinês com o objectivo de estimular a confiança na China.

Sexta-feira à tarde, Cavaco Silva vai encontrar-se com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e o presidente do Congresso Nacional do Povo, Zhang Deijiang. Mas antes, logo pela manhã, a agenda assinala uma reunião com o novo presidente da China Three Gorges, que controla 21% da EDP.

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