Não faltaram as vozes que manifestaram a sua desilusão por, depois do exemplo notável de grande cinema de género político que é Carlos, Olivier Assayas regressar a uma estética mais convencional do “cinema de autor francês” com um filme que, ainda por cima, é abertamente autobiográfico. Mas Depois de Maio, a história do primeiro embate de um grupo de jovens liceais activistas com a França real nos anos pós-Maio de 68, traça pontes insuspeitas com Carlos: ao desenhar as suas personagens como idealistas embriagados pelas possibilidades que se abrem à sua frente mas que se perdem rapidamente por caminhos secundários, torna-se uma celebração doce-amarga de um tempo em que tudo parecia ser possível, temperada pela consciência (muito rimbaudiana) de que “as coisas não são sérias quando se tem 18 anos”. Tão tocante quanto difuso, Depois de Maio é mais uma acha para a fogueira de uma carreira que sempre fez questão de não estar onde mais se espera.
Gerir notificações
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Gerir notificações
Receba notificações quando publicamos um texto deste autor ou sobre os temas deste artigo.
Estes são os autores e tópicos que escolheu seguir. Pode activar ou desactivar as notificações.
Notificações bloqueadas
Para permitir notificações, siga as instruções: