PSD e CDS devem sair do poder se não ultrapassarem 20% nas europeias, diz Vasco Lourenço

Associação 25 de Abril organizou almoço-debate com candidatos ao Parlamento Europeu de partidos sem representação na Assembleia da República.

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Nuno Ferreira Santos
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Perante os cinco cabeças de lista que compareceram na sessão da A25A, Vasco Lourenço convidou o eleitorado a mostrar um "cartão vermelho aos partidos que neste momento estão em exercício no poder", referindo-se a estes como um "bando de mentirosos". "Um cartão vermelho para nos ajudar a correr com esses fulanos do poder", reiterou Vasco Lourenço, lamentando que, muitas vezes, os eleitores mantenham uma fidelidadede clubística e acrítica aos clubes nos quais se habituaram a votar: "Mesmo que desça de divisão as pessoas não mudam de clube".

Do lado dos candidatos do Partido Trabalhista Português (PTP), do Partido Democrático do Atlântico (PDA), PCTP/MRPP, Partido da Nova Democracia (PND) e Partido Operário de Unidade Socialista (POUS), as posições mais radicais que se ouviram, por comparação com a dos partidos do chamado arco governativo, disseram sobretudo respeito ao euro e ao federalismo.

Leopoldo Mesquita, do PCTP/MRPP, defendeu a saída de Portugal do euro que, advertiu, só prolongará a crise e o "massacre" do povo. E apelou ao "urgente derrube do Governo de traição nacional", que acusou de ter "vendido o país ao estrangeiro". "Somos praticamente um sub-colónia da Alemanha", afirmou ainda o candidato, que preconiza a adopção de um "novo escudo", com valor cambial idêntico ao euro, para com essa  "moeda mais fraca em cerca de 30%" promover as exportações e estimular a recuperação da indústria e pescas nacionais. “O euro absorve toda a riqueza e canaliza-a para a dívida”, disse.

Antes, já Eduardo Welsh, do PND, defendera que é preciso estudar os custos do abandono da moeda única por parte de Portugal. “Se o euro não rebentar com Portugal, Portugal rebenta com o euro”, previu o candidato do PND, que se assumiu contra o federalismo europeu e ressalvou que este posicionamento nada tem de extremismo. “Extremistas os partidos que não põem em referendo os tratados”, atirou o candidato, para quem a integração europeia devia ser submetida a consulta popular.

Carmelinda Pereira, do POUS, propõs em alternativa à actual União Europeia, que vê como um mero "empilhamento de tratados" e organizada em instâncias promotoras da "ditadura do capital financeiro", "uma união livre das nações e dos povos fraternos" da Europa.

No lado oposto desta discussão, Paulo Casaca, o antigo deputado do PS que agora concorre pelo PDA, lamentou foi o recuo no projecto federalista da Europa, que em seu entender a põe em causa como entidade política. Sustentou que o Tratado de Lisboa veio formalizar o erro de trocar o federalismo por uma aposta no "intergovernamentalismo que deu o poder aos mais poderosos". E assumiu que foi esta divergência com o PS que o levou a deixar este partido.

Para José Manuel Coelho, do PTP, as prioridades são "sanear a Justiça" e derrotar os "partidos burgueses". O que não significa que se identifique com os esquerdistas, que considerou  "bem intencionados" mas com uma obcessão contraproducente com a revolução. Quanto à extrema-direita, o cabeça de lista do PTP disse que "não sobe em Portugal, porque já está no poder".