SNS: um exemplo do minar por dentro
Pois uma das formas é atacando “rápido e em força”, pois este poder actual não vai durar sempre e convém destruir o mais possível para, depois, se dar como “sem alternativa” o statu quo que resultou da destruição. No SNS, um dos mais activos nesta doutrina tem sido o presidente da Associação de Hospitalização Privada, dr. Artur Osório de Araújo (A.O.A.), que vem escrevendo artigos em catadupa no PÚBLICO, o último dos quais (9/4) até tem já o despudorado (e desejado…) apodo de “sobrevivente”, adjectivando o SNS. Felizmente que apareceu um relatório da Entidade Reguladora de Saúde que o desmente. É que A.O.A., na sua ânsia de “chegar aonde quer”, mente e/ou diz verdades distorcidas. “Aproveitador”, remete (pois, pois…) a “vocação de ensino e tratamento de doenças complexas” (sic) para um múnus do Estado (claro que como empresa pública, ora não!...), ou não fossem estas duas funções aquelas que os “privados” menos querem, pois dão trabalho e oneram exponencialmente a média dos custos que, logo a seguir, lhe servem a acusar o SNS de dispendioso e, ainda por cima, “ineficiente e iníquo” (sic). E o elogio que faz à ADSE mantida e alargada? Mas que falta que faz este subsídio chorudo do Estado aos “baixos preços” dos “privados”, não é, dr. Artur Osório?
No artigo deste senhor não faltam ainda os clássicos epítetos de “colectivista, totalitário, etc.”, para etiquetar a acção do Estado na Saúde. Pois foi neste Estado que todos nós, médicos, aprendemos (também A.O.A.) e contribuímos para os indicadores de Saúde que, ainda hoje, honram o nosso país!
Termino com a justificação para o título deste meu artigo. O dr. Artur Osório foi director, durante muitos anos, de duas grandes instituições públicas (estatais…) hospitalares: o IPO do Norte e o Hospital de Pedro Hispano. Percebe-se? Ai não se percebe! A ambivalência despudorada é pedra-de-toque deste Estado possuído por dentro!
Chefe de Serviço de Pediatria do SNS, aposentado