Manoel de Oliveira filma esta semana O Velho do Restelo

Curta-metragem vai ser rodada no Porto, junto à casa do realizador de 105 anos.

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Manoel de Oliveira tem 103 anos Nelson Garrido

Foram finalmente desbloqueadas as condições necessárias à concretização do projecto O Velho do Restelo, uma reflexão sobre Portugal e a sua História, a partir da situação de crise que o país actualmente vive.

Produção de O Som e a Fúria – o mesmo produtor da mais recente longa-metragem do realizador, O Gebo e a Sombra (2012) –, O Velho do Restelo pega neste personagem pessimista e derrotista d’Os Lusíadas e associa-lhe uma leitura pessoal de textos de Miguel de Cervantes, Teixeira de Pascoaes e Camilo Castelo Branco, além de excertos de filmes anteriores do próprio realizador. Será um filme sobre “um presente suspenso da realidade” da crise económica que se abateu sobre nós, disse Manoel de Oliveira em entrevista à revista francesa Cahiers du Cinéma (Novembro de 2013).

A produção de O Velho do Restelo vai contar com o apoio da Câmara Municipal do Porto, que esta terça-feira vai votar, em reunião do executivo, uma proposta do presidente Rui Moreira com esse fim. O facto de Manoel de Oliveira ser “um dos maiores vultos da Cultura do Porto”, de a acção do filme se passar na cidade e de, por essa razão, as filmagens ganharem “interesse municipal” justificam este protocolo de apoio técnico e logístico, que se estenderá também à isenção, a título excepcional, do pagamento de taxas camarárias num valor que não poderá ultrapassar os 25 mil euros.

O orçamento de O Velho do Restelo não foi anunciado pela O Som e a Fúria, que também não divulgou ainda as entidades que vão patrocinar a produção da curta-metragem.

No elenco, vão estar actores que fazem parte da “trupe” habitual de Manoel de Oliveira: Luís Miguel Cintra, Ricardo Trepa, Diogo Dória, Mário Barroso…, além da anotadora Júlia Buisel e do director de fotografia francês Renato Berta.

O Velho do Restelo significará o regresso da cidade do Porto como cenário privilegiado do cinema de Oliveira, desde que, na viragem das décadas 1920/30, ainda no tempo do cinema mudo, aí rodou a sua primeira-obra, Douro, Faina Fluvial, estreada em 1931. Seguiram-se Aniki-Bóbó (1942), O Pintor e a Cidade (1956), Visita – Memórias e Confissões (1982, filme autobiográfico que permanece inédito), Inquietude (1998) e Porto da Minha Infância (2001).

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