Grand Budapest Hotel

Talvez seja o mais claustrofóbico dos filmes de Wes Anderson. Já sem espaço para a durée, o cinema foi ocupado pelo grafismo do sketch - cenas que se encavalitam, actores com tempo apenas para o seu “número” e sem razão, ou personagem, que justifiquem a aparição, a não ser o show de guest-star. Desaparece o filme sob o espectáculo do mecanismo - como naquele cinema refém da BD que tanto fascinou gente fascinada pelo “visual”, os Luc Besson ou Jean-Pierre Jeunet/Jean Marc Caro deste mundo. O melhor Wes continua a ser o do O Fantástico Senhor Raposo (2009). Havia aí um back to basics, um contacto do cinema de Anderson consigo mesmo, algo de pulsional (sim, palavra estranha aqui), sem distracções: cinema de “bonecos animados”. Grand Budapest Hotel não é Lubitsch, não é Ophuls, e a invocação de Stefan Zweig é uma afectação superficial, certamente elaborada no chic Café de La Mairie de Paris. Podia ser, antes, Monthy Python?

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