Debby Elnatan, mãe de um menino com paralisia cerebral, criou uma espécie de arnês para que o filho, Rotem, pudesse levantar-se e ver o mundo de uma outra perspectiva. Rotem passou a poder simular a passada estando preso a um adulto e, desta forma, fazer coisas que nunca tinha conseguido antes, num mecanismo que faz lembrar a forma como os pais ensinam os filhos a dançar.
“O UpSee permite que crianças com a mobilidade comprometida se levantem e andem com a ajuda de um adulto”, resume Debby Elnatan, em entrevista por e-mail ao P3. Esta norte-americana de 56 anos — a viver em Jerusalém, Israel, desde os 24, tendo também cidadania israelita — resolveu assim atenuar a impotência que sentia por não poder ajudar o filho a levantar-se e caminhar. “Rotem não sabe o que são as suas pernas e não tem consciência delas”, disseram-lhe os terapeutas.
Debby, terapeuta musical, começou por fazer um “arnês primitivo” para Rotem, inicialmente com sandálias de madeira: foi aprendendo com o filho a melhor forma de o ajudar. “Mais tarde também fiz mudanças no meu arnês para que o peso de Rotem fosse suportado pelos meus ombros, deixando as minhas mãos livres para assistir quer Rotem, quer o irmão Shahar”, explica. Várias mudanças depois, o protótipo do Upsee estava encontrado: o arnês de Debby passou a ser um cinto e os passeios com o filho começaram a ser mais frequentes.
Segredo: encontrar o estímulo certo
“O sucesso do UpSee depende de encontrar o estímulo certo para motivar uma criança a mexer-se”, justifica Debby. Como não tinha interesse em fundar a própria empresa, decidiu procurar um sócio — tarefa que levou vários anos. À venda a partir de 7 de Abril no site da Firefly Friends (e manufacturado pela Leckey), o UpSee vai custar 500 dólares (cerca de 365 euros).
O produto é composto por três peças: um cinto para os adultos usarem, um arnês para as crianças e dois pares de sandálias (um para os adultos e outro para as crianças). Por ter vários tamanhos, pode ser usado por crianças dos 12 meses aos 8 anos.
“É uma revelação para muitas crianças com doenças neuromusculares”, sublinha Debby. “Algumas puderam levantar-se e abraçar os seus irmãos ou irmãs pela primeira vez. Outras acenaram aos vizinhos no seu primeiro passeio a pé pela rua e houve até quem tivesse atravessado o parque de mão dadas com o melhor amigo, também pela primeira vez.”
“Fico emocionada quando vejo o que outras famílias estão a fazer com o UpSee e como dizem que isto mudou as suas vidas”, confessa. “Só fiz o que, para mim, foi natural. Tenho várias outras invenções, esta é apenas a primeira.”
Texto actualizado em 9/4/14: Foi acrescentada a informação de que Debby tem também cidadania israelita