Assumindo que as pessoas com deficiência gostam de se divertir como as outras, a Cooperativa de Gotemburgo para uma Vida Independente (GIL), na Suécia, criou a CPA, uma "cerveja completamente normal"... para deficientes. O objectivo é democratizar o acesso à bebida e acabar com a discriminação nos bares.
Com base na afirmação de que há um pânico moral em relação a deficientes bebendo álcool, Anders Westgerd, gerente da GIL, acredita que os portadores de deficiência não têm que entrar pela “porta dos fundos” e, tal como os outros, também têm direito a beber.
Até porque, e enquanto portador de uma deficiência física motora que o impede de andar, Westgerd dá o seu exemplo: "Eu encontro sempre o caminho para casa", refere ao P3. "Por que não havíamos nós de poder ficar bêbados como qualquer pessoa sem que nos questionem?"
Porém, e apesar da tentativa de tornar a "sociedade mais inclusiva" através de campanhas provocatórias como esta, o sueco de 39 anos mostra-se algo reticente: "Ainda temos um longo caminho a percorrer".
"Tu estás mesmo a beber álcool?"
Nos estabelecimentos de diversão nocturna, "os ‘bartenders’ olham-nos de lado como se não pudéssemos beber álcool ou como se fôssemos incapazes de tomar decisões”. E acrescenta: “Quando bebo até é mais fácil levarem-me para casa. Basta empurrar a cadeira”.
Produzida numa microcervejaria em Skåne, no sul do país escandinavo, a CPA é idêntica à Pale Ale americana (5,8 por cento de álcool) e funcionará como um certificado de acessibilidade, pelo que será comercializada apenas em bares que ofereçam boas acessibilidades aos deficientes de Gotemburgo.
Mais tarde, deverá chegar também a Systembolaget, em Estocolmo, sendo que a sua internacionalização ainda não foi pensada pela cooperativa.