Considerado um dos estrategas políticos da revolução e principal ideólogo do MFA (Movimento das Forças Armadas), de cujo programa foi um dos autores, Ernesto Melo Antunes (1933-1999) afirma neste excerto de uma entrevista realizada pela investigadora Manuela Cruzeiro, do Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, que sempre viu a guerra colonial e o "regime fascista" como dois problemas interligados. O homem que viria a ser ministro nos primeiros governos provisórios e que sempre interveio no PREC como travão de derivas à esquerda (foi o primeiro subscritor do documento do Grupo dos Nove) e à direita (ficou célebre a frase "O PCP é indispensável à democracia portuguesa) explica que sempre concebeu a sublevação militar de 25 de Abril de 1974 como via para acabar com a guerra colonial e para instaurar um regime democrático, em simultâneo. Esta entrevista foi realizada no âmbito do projecto de história oral O 25 de Abril contado pelos protagonistas, desenvolvido entre 1990 e 2009 pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.