Morreu o único comandante da revolução cubana no exílio

Huber Matos rompeu rapidamente com Fidel Castro e esteve 20 anos na prisão.

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Huber Matos (à direita) com Camilo Cienfuegos e Fidel Castro Reuters

Matos, que era profesor primário antes de se juntar ao exército revolucionário, ajudou a derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista e, depois, passou 20 anos preso, acusado de traição à revolução. Huber Matos nasceu em Yara, em 1918.

Com Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto "Che" Guevara, integrou o Movimento 26 de Julho, que acabou com a ditadura de Batista, em Janeiro de 1959.

Segundo o jornal El Nuevo Herald, de Miami, Matos divergiu de Castro e de Guevara, questionando a orientação marxista do novo Governo cubano.

A 19 de Outubro de 1959 enviou um acarta a Fidel Castro desvinculando-se do exército revolucionário. Explicou, na carta, que saía porque não queria ser um "obstáculo" - falava nas dificuldades que aí vinham, políticas e económicas, e pedia ao "comandante" que traçasse objectivos. "Se queremos que a revolução triunfe, temos que dizer para onde vamos e como vamos". Criticava as intrigas e as represálias aos que questionavam o rumo.

Acabaria por ser preso.  Em 1979, foi autorizado a deixar Cuba, tendo-se juntado à mulher e aos filhos que já tinham partido para a Costa Rica, na década de 1960.

O antigo comandante revolucionário exilou-se, depois, em Miami, onde depois da revolução se fixou uma comunidade anti-castrista, tornando-se um militante desta causa. 

Escreveu um livro, em 2002, Cómo llegó la noche, onde relata a sua ruptura com Fidel e os anos de prisão. Escreveu, no livro, que começou a ter dúvidas sobre Castro e sobre a revolução sete meses depois de Fidel ter chegado ao poder. "Penso que se deram passos em direcção a um governo ditatorial, provavelmente de cariz marxista". 

Na última carta que escreveu antes de morrer pede para ser sepultado na Costa Rica, onde deve ficar "até que Cuba seja livre".

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