Governo da Andaluzia quer gerir a Mesquita de Córdova
O monumento passará a ser oficialmente propriedade da Igreja a partir de 2016.
Esta decisão foi noticiada pelo jornal El País, segundo o qual a delegada do governo andaluz em Córdova, Isabel Ambrosio (PSOE), assegurou que a junta vai “fazer tudo o que estiver ao seu alcance” para assegurar a gestão daquele monumento como património público.
Esta posição do governo andaluz surge na sequência de uma petição pública lançada na Internet no início de Fevereiro, com o objectivo de evitar que o episcopado de Córdova assuma em definitivo a propriedade do monumento, a maior mesquita existente na Europa Ocidental, que data do século X e que desde o século XIII contém no seu interior uma catedral católica.
Em 2006, socorrendo-se de uma lei vinda do tempo do general Franco, o bispo de Córdova registou a propriedade do monumento em nome da Igreja. Ainda segundo a mesma legislação, esse título de propriedade ganhará estatuto irrevogável passados dez anos, pelo que a sociedade civil e a administração pública local têm até 2016 para inverter a situação. É isso que vem sendo exigido na petição pública lançada pela cidadã anónima Ana Vera no início de Fevereiro, e que, segundo a agência Efe, já reuniu mais de 75 mil assinaturas.
O documento em causa enumera as seguintes exigências: que o bem em causa seja nomeado como monumento de Córdova, já que ele é tanto uma catedral como uma mesquita; o reconhecimento da sua titularidade pública; uma administração pública e transparente; e a elaboração de um regulamento de boa gestão e salvaguarda do monumento.
Mas a mostrar a polémica que esta questão está a criar nos meios políticos da Andaluzia está a intervenção da deputada andaluza do PP e responsável pelo Turismo, Rosario Alarcón, que esta sexta-feira, ainda segundo o El País, ao mesmo tempo que elogiou o trabalho do episcopado de Córdova, contestou tanto o teor da petição pública como a intervenção da socialista Isabel Ambrosio. “Onde estavam [os responsáveis socialistas da cidade] todos estes anos em que governava a Esquerda Unida e o PSOE? Por que não recolheram assinaturas nessa altura e o fazem agora, quando o PP governa [a Espanha]”?