Ordem dos Médicos insiste em pedido de inspecção aos hospitais do Algarve
Bastonário da Ordem dos Médicos esteve esta quarta-feira no Algarve e voltou a defender a realização de uma inspecção para "esclarecer a extensão, origem e fundamento das criticas ao hospital de Faro”
Após reunir com o presidente do CHA, José Manuel Silva reafirmou a necessidade de ser levada a cabo uma “ inspecção [ solicitada há cerca de uma semana à Inspecção-Geral das Actividades em Saúde] para esclarecer a extensão, origem e fundamento às criticas ao hospital de Faro”. O bastonário considera que tem “havido uma gestão no limite”, provocando o descontentamento dentro e fora das unidades hospitalares. O que está a agitar o relacionamento entre o administrador do CHA e os médicos é ilustrado com o caso uma cardiologista que deu alta a um doente, vitima de enfarte, sem que lhe tivesse realizado o exame que estava programado, alegando falta de material clinico. Pedro Nunes, em reacção a essa noticia, publicada pelo jornal Sul Informação, negou rupturas no sotck, e chamou “burra” e “tonta” à médica. Os colegas, em solidariedade, consideraram-se também atingidos. A seguir, a OM reclamou a instauração de um inquérito disciplinar que, ao que tudo indica, acabará por ser arquivado. “Não terá consequências de maior”, admitiu José Manuel Silva, porque, entretanto, Pedro Nunes “pediu desculpas à colega”.
Embora reconheça a existência de “crise” no Centro Hospitalar do Algarve, o bastonário desdramatiza a situação. “Não há razões para alarmismo exagerado” disse, salientando como dado positivo, o aumento da lotação do Hospital de Faro em 87 camas, assim como o aumento do espaço do Serviço de Urgência.
Por outro lado, o bastonário acredita que a falta de médicos pode ser, numa fase transitória, colmada com o recrutamento de médicos reformados, que, justificou, estão a abandonar a actividade cerca de dez anos mais cedo que era habitual. “Mas é preciso retribuir, minimamente, esse trabalho”. sublinhou, dando um exemplo do serviço mal remunerado. “Posso dizer que conheço uma colega que voltou a assumir uma lista de 2 mil utentes, com trabalho de 40 horas por semana, e o que recebe relativamente à sua reforma são 200 euros por mês”. Com este género de incentivo, acrescentou, “as pessoas não estão motivadas”. O que a Ordem propôs ao ministro da Saúde foi a “abrir a possibilidade” de contratar reformados a meio tempo. “Se houver essa possibilidade não tenho dúvidas que haverá mais médicos a regressar, sobretudo na medicina geral familiar”.