Vila Praia de Âncora vai lutar nos próximos dias para colocar o rio no troço original
A reconstituição da duna dos Caldeirões, engolida pelo mar, fica para uma segunda fase, depois de realizados mais estudos conduzidos por dois peritos em erosão costeira.
A intervenção, a cargo da sociedade Polis do Litoral Norte arrancará assim que as condições climatéricas e do mar o permitam. Já a reconstituição da duna dos Caldeirões, com cerca de sete metros de altura e quase 100 metros de comprimento, engolida pelo mar, implicará uma intervenção mais “musculada”, ainda sem data prevista. A reconstituição da duna desaparecida exigirá mais investigação e trabalho de campo orientado por dois especialistas em erosão costeira. O objectivo é, entre os vários cenários possíveis, escolher o que oferece mais garantias de resistir a novas investidas das águas do mar.
Estas foram as soluções apontadas, esta segunda-feira, pelo director da Administração da Região Hidrográfica do Norte (ARHN), organismo integrado na Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no final de uma reunião na Câmara de Caminha. Antes, Pimenta Machado, acompanhado de dois peritos em erosão costeira, visitou o local para avaliar a destruição da duna e, por consequência, a mudança de rumo do rio. Nos últimos quinze dias o Âncora encontrou uma nova foz, centenas de metros mais a sul, devido às marés vivas.
“A primeira fase é melhorar as condições na foz do rio, natural, do troço que tem, e das margens, que estão muito erodidas. Isso será feito quando o tempo e as condições do rio o permitirem, dentro de dias”, garantiu. A consolidação das margens, onde a escassos metros se encontra o campo de futebol da freguesia e nas proximidades das quais estão localizadas várias habitações, é também para fazer no imediato.
Já a reconstituição da duna está dependente da melhor solução: “Vamos trabalhar numa solução definitiva, mais robusta, entre as várias alternativas, através de uma reflexão, o mais rapidamente possível, com os nossos peritos”, afirmou. Questionado sobre os custos das intervenções escusou-se a avançar valores. Admitiu tratar-se de um investimento significativo mas explicou que será financiado através de uma candidatura "a lançar em breve” a fundos comunitários, pelo Programa Operacional Temático da Valorização do Território (POVT).
O director da ARHNl também não se quis comprometer com prazos: “Espero que haja condições para uma boa época balnear e boas condições para os veraneantes de Vila Praia de Âncora. Estamos a trabalhar para isso”.
Ainda em Caminha adiantou que a reconstituição do cordão dunar na praia de Moledo, definida como urgente desde 2011 quando o mar ameaçou várias habitações, deverá estar concluída antes da próxima época balnear. A obra deverá avançar “nos próximos dias”, acrescentou, implicando um investimento de 384 mil euros.
As intervenções apontadas para o rio Âncora agradaram ao presidente da câmara. O socialista Miguel Alves admitiu tratar-se de “uma boa resposta”, mas sublinhou que é necessário intervir “rapidamente” para repor a duna dos Caldeirões.
“Temos que saber qual a técnica a aplicar naquele local para que a duna possa resistir a outros invernos e a outras marés. Vamos ter essa avaliação já” garantiu. Nesse trabalho o autarca quer envolver as associações locais, de ambientalistas e pescadores, para definir esta intervenção. Além das habitações e do campo de futebol ameaçados, a destruição da duna poderá, segundo o autarca, representar um “atentado ambiental” devido à salinização do sapal, área protegida do estuário do rio, bem como colocar em causa a próxima época balnear na principal praia da freguesia, muito frequentada no Verão.
“Se as coisas correrem como aqui foram combinadas a verdade é que vamos ter uma solução que impede que as casas em Vila Praia de Âncora sejam atingidas, que o sapal seja prejudicado e que a época balnear na vila seja atingida”, sustentou. “O desassoreamento do estuário e o reforço das margens vai ser já. A solução de consolidação da duna vai ser estudada já. Fico satisfeito, mas só estarei totalmente satisfeito quando a situação estiver resolvida”, frisou
Além de Caminha em todo o Alto Minho o mau tempo já provocou prejuízos estimados pelos municípios em 1,5 milhões de euros.