Álcool, tabaco e obesidade alimentam subida crescente de casos de cancro

Peritos da Organização Mundial de Saúde defendem que a única solução é a prevenção, sugerindo a criação de um imposto para bebidas açucaradas.

Por ano, prevê-se que surjam no mundo cerca de 25 milhões de novos casos de cancro. Metade destes podem ser prevenidos, já que estão ligados a estilos de vida, refere o documento produzido pela Agência Internacional para a Pesquisa em Cancro, uma unidade da OMS especializada na patologia. Não é realista travar a subida pensando apenas nas formas de curar a doença, defendem os seus autores, notando que é essencial o enfoque na prevenção. Até para os países mais ricos o fardo vai tornar-se insustentável em termos de custos, refere o documento, citado pelo The Guardian.

Mas a doença está cada vez mais presente também em países mais pobres, onde os cancros mais frequentes têm origem em infecções, como é o caso do cancro do colo do útero, muito prevalecente nestes países, onde não existe rastreio e muito menos acesso à vacina.

Nos países mais ricos, os cancros que estão a aumentar estão sobretudo ligados a estilos de vida, associados “ao uso crescente do tabaco, consumo de álcool, ingestão de alimentos transformados e falta de exercício físico”, escreve na introdução ao relatório Margaret Chan, directora da OMS.

Prevenção e detecção precoce
Christopher Wild, director da Agência Internacional para a Pesquisa em Cancro e um dos autores do documento, disse que, apesar dos avanços no lado da cura, “o problema não se resolve apenas deste lado. É preciso mais prevenção e a detecção precoce é essencial.”

Bernard Stewart, investigador da University of New South Wales e outro dos autores, apelou à discussão de medidas como a criação de um imposto especial para as bebidas açucaradas, como uma possível forma de fazer diminuir cancros que têm origem na obesidade e na falta de exercício físico.

Em relação ao álcool, lembrou que o seu consumo esteve na origem de 337,400 milhões de mortes no mundo em 2010, sobretudo entre homens. A maioria são mortes por cancro do fígado, mas o álcool também aumenta o risco de cancro da boca, esófago, intestino, pâncreas, mama e outros. “A sua rotulagem, os locais onde é comercializado e os preços de venda ao público devem ser questões a debater”, disse Stewart. Propõe também a criação de um imposto para bebidas açucaradas. O relatório refere que todos os esforços para reduzir a percentagem de refrigerantes que têm adição de açúcar deviam ser prioritários.

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