Esperança deve ser o espírito com que devemos encarar o ano de 2014. É um ano decisivo para a nossa selecção nacional que, a ter sucesso, poderá transformar-se num ano de elevada importância para o râguebi nacional. Os frutos do apuramento para o Mundial de 2007 foram evidentes!
O râguebi, por momentos, tornou-se desporto nacional. De uma forma natural, multiplicaram-se os números de praticantes; aumentou o número de interessados em patrocinar o râguebi; aumentaram os valores desses mesmos patrocínios; aumentaram os clubes; aumentou o carinho pela modalidade.
Todos sentimos, de forma instintiva, essa importância. E sem querer tirar mérito a todos os que na retaguarda trabalharam para optimizar o feito do apuramento (FPR e Associações), não posso deixar de realçar a palavra “natural” porque, na verdade, o que se fez dentro de campo, por si só, foi contagiante.
O râguebi nacional está a precisar de momentos como aqueles. Em Fevereiro e Março, cada um dos afortunados que tiver a honra de representar Portugal, deverá ter presente a cada minuto (diria mesmo a cada segundo) a responsabilidade desse facto. Vais ser difícil? Vai com certeza. Impossível? Claro que não! Temos que ganhar os jogos a que somos obrigados (Bélgica e Espanha – o empate do ano passado frente aos espanhóis foi o único resultado efectivamente inadmissível) e temos de nos superar nos jogos contra Rússia e Roménia.
São duas selecções superiores à nossa mas, em dia sim, podemos vencer. A Geórgia é de outro campeonato e para a derrotarmos (também não e impossível), além de estarmos em dia sim, os georgianos têm de cometer erros extras. Já aconteceu no passado.
Base mais forte do que em 2007
Os jogos de Novembro deram-nos motivos para acreditarmos que é ainda possível. Mostraram-nos um centro que há muito não se via na selecção, pois Pedro Bettencourt é um excelente jogador. A este pode juntar-se José Lima, que tem feito uma época muito consistente em França, ou apostar-se na dinâmica e carisma singular de José Vareta (jogador que, a par de Bettencourt, são os únicos centros de momentos capazes de “trabalhar” as defesas adversárias).
Temos uma terceira-linha de luxo (Vasco Uva e Julien Bardy são gigantes aos quais se podem juntar Aurélien Béco, Luís Portela, Vasco Fragoso Mendes e António Duarte (independentemente de quem for titular, teremos um banco de nível internacional ao mais alto nível); uma capacidade de defesa colectiva aceitável; Eric dos Santos afigura-se uma excelente opção para a segunda-linha; Francisco Fernandes, Cristian Spachuck, Anthony Alves e companhia poderão colmatar alguma debilidade demonstrada na primeira-linha, juntando-se aos experientes Jorge Segurado e João Correia (jogador que está em grande forma). A vinda de um talonador traria, igualmente, consistência e soluções para os últimos 30/20 minutos de cada jogo.
A “9” temos múltiplas soluções. Pedro Leal, motivado (e isso depende apenas dele), é um fora de série e o melhor, enquanto Francisco Pinto Magalhães, embora menos exuberante, tem a garra e o espírito necessário. Temos ainda Fábio da Silva e Samuel Marques! Difícil exigir-se mais soluções! O problema poderá residir no “10”. Mas mesmo neste posto, as soluções, se tivermos confiança (começando nos próprios Jogadores), podem ser várias. Francisco Vieira de Almeida estava no caminho mais do que certo. Foi pena a lesão, mas esperamos que recupere a tempo.
Rodrigo Figueiredo, o miúdo do CDUP (clube que tem lançado jovens de enorme qualidade), é um grande distribuidor de jogo e revela magia. José Vareta, Manuel Costa e os “velhinhos” Cardoso Pinto e Gonçalo Malheiro são também boas alternativas. Este último, por exemplo, tem sido decisivo em inúmeros jogos do GD Direito esta época. Então porque não?
A base parece-me, pois, bem mais forte do que aquela que fez o caminho inesquecível para 2007. Por esta razão devemos manter a esperança bem acesa e ir apoiar a selecção! Força Portugal.