Christine Lagarde defende que o BCE pode “fazer mais” pela zona euro
FMI vê um aumento do risco de deflação nas economias desenvolvidas e alerta para os efeitos negativos no crescimento mundial.
Num discurso no National Press Club, em Washington, Lagarde aplaudiu as orientações de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), embora tenha enfatizado que a autoridade liderada por Mario Draghi ainda pode “fazer mais” pela economia e a estabilidade da zona euro. E deu a concessão de “crédito orientado” como exemplo de uma medida que ajudaria a reduzir a fragmentação financeira na região.
Quando, em Novembro, o BCE baixou as taxas de juro de referência, dado o contexto de inflação baixa e de crescimento ténue, o FMI dizia ser preciso avançar por etapas, deixando implícito que o BCE deveria estar aberto a ponderar mais medidas de apoio à economia.
“A zona euro está num momento de viragem da recessão para a retoma, mas o crescimento ainda é desigual e o desemprego continua num nível preocupante”, sublinhou, elencando as principais tendências do conjunto dos 18 países da moeda única.
Nas últimas previsões económicas que publicou (em Outubro), o FMI apontava para uma progressão do produto interno bruto (PIB) da zona euro de 1% em 2014. E é num contexto de incerteza sobre a evolução da actividade económica que Lagarde refere alguns riscos. Outra questão sublinhada pela directora-geral do fundo tem a ver com o facto de alguns países, que não nomeou, terem um nível de dívida pública elevado e enfrentarem restrições de crédito.
Quanto à economia global, Lagarde entende que o ritmo de crescimento poderá ficar abaixo do seu potencial (uma progressão de 4% em relação a 2013). Um dos receios do FMI tem a ver com um processo de deflação, o que, alertou, poderia comprometer a retoma mundial.
Na zona euro, onde o BCE prevê que os países passem por um longo período de inflação baixa, Mario Draghi dá garantias de que se mantém atento à trajectória descendente dos preços nos últimos meses. E garante que tem meios para intervir de forma a evitar que a moeda única caia em delação, com repercussões da descida prolongada dos preços no consumo e no investimento.