Os "magalhães" de Nuno Crato
O ministro Nuno Crato teve ontem um momento potencialmente embaraçante quando, por dever do ofício, se viu levado a justificar o apadrinhamento do seu ministério a uma iniciativa privada, empresarial, que quis dotar uma escola de tablets para uso lectivo. Acabou, mesmo — ele que foi um adversário dos Magalhães de Sócrates —, por distribuir alguns aos alunos, mas com o cuidado de ir dizendo que "o centro não são os tablets, são os conteúdos", e que "não há nada que substitua o professor e o contacto humano". É verdade, não há. Só é pena que o ministro exprima tal ideia em plena distribuição de aparelhos "mudos" e não frente aos tais "humanos" insubstituíveis que, não raro, o seu ministério maltrata. Uma coisa é certa: minicomputadores ou tablets serão pouco úteis, se forem meros "enfeites" no exercício do ensino. É sabendo isto que as escolas continuarão a trabalhar.