Assistente social homenageado deixou medalha no Parlamento

Prémio Direitos Humanos entregues no Parlamento.

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José António Pinto pediu políticas que não façam mal às pessoas Paulo Pimenta

José António Pinto foi um dos homenageados no âmbito do Prémio Direitos Humanos, anualmente entregue pela Assembleia da República, tendo aproveitado para dedicar a medalha de ouro dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aos seus utentes e aos seus pobres.

Perante uma plateia de várias dezenas de pessoas, entre a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, o júri do prémio e vários deputados, o assistente social disse estar disposto a trocar aquela medalha de ouro por outro desenvolvimento económico.

“Deixo ficar esta medalha no Parlamento se os senhores deputados me prometerem que, futuramente, as leis aprovadas nesta casa não vão causar mais estragos na vida daqueles que, por terem deixado de dar lucro, são hoje considerados descartáveis”, disse José António Pinto, tendo recebido um forte aplauso.

Aproveitou para lembrar que enquanto fala, mais de 120 mil pessoas deixaram já Portugal, cerca de meio milhão de crianças perdeu o abono de família, 140 mil jovens estão desempregados e a maior parte dos idosos recebem uma reforma “miserável”.

“Quero emprego com direitos para criar riqueza, quero que a dignidade do homem seja mais valorizada do que os mercados, quero que o interesse colectivo e o bem comum tenham mais força do que os interesses de meia dúzia de privilegiados”, defendeu, tendo sido novamente muito aplaudido.

O outro homenageado com a medalha de ouro, Farid Walizadeh, um jovem refugiado afegão que chegou sozinho a Portugal, disse que a medalha representa a sua vida e todo o caminho que fez.

“Neste país encontrei pessoas que me ajudaram muito. Sonho reunir toda a minha família em Portugal e sonho também ter um clube que me apoie a nível profissional no boxe para poder ir aos Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil”, pediu.

O Prémio Direitos Humanos foi este ano atribuído à Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social (Fenacerci), cuja presidente defendeu que, mais do que falar, importa convergir esforços para que as pessoas com deficiência tenham igualdade de oportunidade.

“Reconhecer os direitos não chega, é preciso que as pessoas os possam exercer e, para que isso aconteça, é fundamental que sejam previamente garantidas condições para que a cidadania esteja ao alcance de todas as pessoas sem excepção”, sublinhou Julieta Sanches.

O presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias disse, por seu lado que “a pobreza continua a ser uma realidade que atenta contra os direitos humanos”.

“Simultaneamente, este é também um tempo de mais solidariedade, de mais generosidade e de busca por mais justiça social, em que o exemplo de quem milita por estes valores deve ser destacado”, disse Fernando Negrão, em nome do júri.

A presidente da Assembleia da República aproveitou para homenagear “aqueles que levam o coração a toda a parte” e lutam contra o conformismo e a desistência.