Bill Gates, Oprah e Bono estão entre as celebridades no funeral de Mandela

Além dos mais de 90 chefes de Estado ou de Governo confirmados, há também outras figuras conhecidas que se juntam ao último adeus ao ex-Presidente sul-africano.

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Mandela com Oprah Winfrey numa fotografia tirada em Joanesburgo em 2002 JUDA NGWENYA/REUTERS

Bill Gates, Oprah Winfrey, Richard Branson, Peter Gabriel, Naomi Campbell e Bono são os nomes até agora conhecidos de acordo com o Guardian, que diz também que a família real britânica será representada pelo príncipe Carlos e qua a rainha estará ausente por aos 87 anos estar desaconselhada a fazer voos tão longos. A homenagem a Nelson Mandela conta ainda com dois mil jornalistas de todo o mundo.

A quase uma semana do funeral, estão confirmados mais de 90 chefes de Estado ou de Governo nas cerimónias fúnebres, quer se trate do memorial de terça-feira em Joanesburgo ou o funeral em Qunu, a aldeia que o viu crescer, no próximo fim-de-semana. De fora, e com uma justificação que está a gerar alguma polémica, ficará o primeiro-ministro checo, que disse que tinha um almoço. O problema é que Jiri Rusnok foi gravado numa conversa que julgava privada, no Parlamento, a dizer ao ministro da Defesa: “Espero que o Presidente vá no meu lugar. A ideia de ir dá-me calafrios”.

Se muitos países vão optar por se fazer representar por um Presidente ou um primeiro-ministro na homenagem a Nelson Mandela no estádio Soccer City, os Estados Unidos e Brasil vão ter representações alargadas e de peso. O Presidente norte-americano Barack Obama e a sua mulher Michelle vão estar acompanhados por três ex-Presidentes dos EUA, Jimmy Carter, George W. Bush e Bill Clinton (que viaja com a sua mulher Hillary Clinton, antiga Secretária de Estado).  Já Dilma Rousseff vai fazer-se acompanhar pelos seus quatro antecessores: Jose Sarney, Fernando Collor de Mello, Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula Da Silva.

A delegação britânica também impressiona. O primeiro-ministro David Cameron estará ao lado do vice-primeiro-ministro Nick Clegg, bem como do líder da oposição trabalhista, Ed Miliband e os ex-primeiros-ministros John Major, Tony Blair e Gordon Brown. O Príncipe Carlos não vai ao estádio mas estará presente no funeral de Mandela, na aldeia de Qunu, no dia 15.

De França, embora viajando em aviões separados, o Presidente François Hollande e o seu antecessor, Nicolas Sarkozy também vão estar presentes no Soccer City.

Portugal faz-se representar pelo Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.

No domingo já se tinha ficado a saber que Dalai Lama não estará entre os presentes. O seu porta-voz anunciou que não faz tenção de ir. Embora não tenha avançado pormenores, não será por falta de vontade, mas por recear uma terceira recusa de visto pelas autoridades sul-africanas.

Foi em 2009 que pela primeira vez o Dalai Lama viu o seu pedido de visto para entrar na África do Sul recusado: tinha sido convidado por Mandela e por Frederik Willem de Klerk – o ex-Presidente sul-africano que também recebeu o Nobel da Paz em 1993, juntamente com Mandela –, bem como pelo arcebispo anglicano Desmond Tutu (outro Nobel da Paz, em 1984), para participar numa conferência sobre a paz em Joanesburgo, organizada pela Liga Nacional de Futebol. Em Outubro de 2011, viu recusado o seu pedido novamente, quando foi convidado para a festa dos 80 anos de Desmond Tutu, outro herói da luta anti-apartheid, na Cidade do Cabo.

A África do Sul decretou uma semana de luto após a morte, na quinta-feira, aos 95 anos, do líder da luta anti-apartheid. Domingo foi um dia nacional de recolhimento e reflexão, em que o Presidente Jacob Zuma apelou aos seus compatriotas para que vivam "em unidade, para que estejamos unidos como uma só nação arco-íris”. Mas na nação arco-íris o peso da China, importante parceiro económico e diplomático, tem fechado as portas ao Dalai Lama. A China tenta limitar as deslocações do líder espiritual tibetano, avisando os Governos estrangeiros sobre as consequências para as suas relações bilaterais se lhe abrirem as portas.

Foi em 2004 que os dois homens se encontraram pela última vez. Quando Nelson Mandela morreu, na passada quinta-feira, o Dalai Lama declarou ter sofrido uma “perda pessoal”: “Era um amigo querido, que ainda esperava rever e por quem tinha uma grande admiração e um grande respeito”. Mas o seu porta-voz disse à AFP que “ele não está a pensar ir” ao funeral, sem adiantar mais explicações. Para bom entendedor, no entanto, meia palavra basta.

Os sul-africanos continuam entretanto a recordar Madiba e a celebrar a sua vida. Na Igreja de Regina Mundi, no bairro do Soweto, centenas de pessoas assistiram à missa ontem. A “igreja do povo”, como é conhecida, é um local especial: foi lá que decorreram muitas reuniões dos movimentos anti-apartheid. Hoje, a memória desses tempos está eternizada nos vitrais, onde Mandela aparece a discursar perante um mar de mãos, tal como no dia da sua libertação, em 1990.

Não muito longe, também no Soweto, o bispo Mosa Sono emocionava os milhares de pessoas ao dizer “graças a Deus por Madiba”, enquanto a cara de Nelson Mandela aparecia num grande ecrã.

Em Joanesburgo, a igreja metodista de Bryanston recebeu o Presidente, Jacob Zuma, e familiares de Mandela, incluindo a sua ex-mulher, Winnie. “Devemos orar para não esquecer certos valores que Madiba defendeu, pelos quais lutou, pelos quais sacrificou a sua vida”, declarou Zuma. “Ele levantou-se pela liberdade, ele lutou contra aqueles que oprimiam os outros. Ele queria que todos fossem livres”, acrescentou.
 
 

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