PCP: Protesto das forças de segurança é mais importante que "ilegalidade" da invasão das escadas
PCP reuniu-se com a Comissão Coordenadora dos Sindicatos das Forças de Segurança que promete novos protestos se o Governo não der respostas às suas reivindicações.
No dia em que Jerónimo de Sousa comemora nove anos à frente do Partido Comunista Português, recebeu na sede do partido na Rua Soeiro Pereira Gomes a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança.
De acordo com o presidente da direcção da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues, o encontro serviu para revelar ao partido “a ideia muito exacta” daquilo que é o sentimento e as reivindicações das forças de segurança. A intenção é que o PCP possa, de alguma forma, “ajudar os polícias a sair desta situação para que a segurança dos portugueses não fique fragilizada”, acrescentou o líder sindical.
O secretário-geral do PCP assumiu a preocupação do partido em relação às condições sociais e profissionais dos agentes de segurança pública e saudou a dimensão da manifestação do passado dia 21, “a sua grandeza e os seus objectivos”, assumindo que a subida da escadaria do Parlamento não é o assunto fundamental a ser discutido.
De acordo com Jerónimo de Sousa as forças de segurança subiram “uns degraus acima no protesto e na indignação”. Citando um poema de Bertolt Brecht, o líder comunista realçou que “todos falam do rio que é violento mas nunca falam das margens que o apertam”, dando a entender que a violência parte do Governo e não dos manifestantes.
Jerónimo de Sousa considerou fundamental a “justeza” dos objectivos que levaram agentes de todas forças de segurança do país à manifestação que se realizou há uma semana às portas da Assembleia da República.
“O que é mais violento? Não será mais violenta a destruição de vidas, a destruição também de condições para uma vida digna por parte destes profissionais?”, questionou o secretário-geral do PCP.
O líder do Partido Comunista Português referiu ainda que o Governo, que “está sempre a invocar deveres e regras”, esquece a missão de respeitar “simultaneamente” os direitos de quem exerce uma “função tão sensível”.
À saída do encontro, o líder sindical Paulo Rodrigues informou que as acções de protesto são para continuar “dentro da legalidade” e com “responsabilidade” até que a Comissão Coordenadora obtenha por parte do Governo “respostas de acordo com aquilo que espera”.
Paulo Rodrigues fez ainda saber que os profissionais da polícia não podem aceitar “que o Governo continue a ignorar” os seus problemas. O líder sindical dos polícias deixou críticas ao Executivo, afirmando que “a ilegalidade [das decisões de Pedro Passos Coelho] é tanta que vai prejudicando os direitos dos profissionais e os próprios profissionais já não sabem bem até onde vai a legalidade e a ilegalidade”.
E insistiu: “As ilegalidades que têm sido cometidas contra os profissionais são muito maiores que aquela pequena ilegalidade de subir uns degraus da escadaria da Assembleia da República."
As forças de segurança reivindicam a manutenção dos subsídios de fardamento, o acesso a melhores condições de saúde e o recuo nos cortes salariais e no diploma que promete colocá-los lado a lado com a função pública.
No dia 11 de Dezembro a Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança reúne com o PSD, não havendo ainda nem resposta nem data marcada para um eventual encontro com o CDS-PP.