Morreu Nilton Santos, um histórico da selecção brasileira

Foi considerado o melhor lateral esquerdo do século XX.

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Nilton Santos (o segundo a contar da esquerda) sofria de Alzheimer desde 2008 Reuters

Nilton Santos foi um dos ícones do Botafogo e a sua história cruza-se com a de Garrinha, um dos mais talentosos futebolistas brasileiros. Diz a lenda que no primeiro treino ao serviço do clube de São Paulo, Garrincha fintou Nilton Santos, que logo exigiu ao treinador que colocasse o “anjo das pernas tortas” como titular.

Nascido no Rio de Janeiro, a 16 de Maio de 1925, Nilton Santos começou bem cedo a jogar no Botafogo, clube que representou em 729 jogos (um recorde na equipa carioca). Esteve no Mundial de 1950, sendo suplente na fatídica final com o Uruguai, que ficou conhecida como o Maracanaço.

Nilton Santos era defesa e foi um dos percursores dos laterais ofensivos, apesar de os treinadores da época não gostarem dessa abordagem. “Dos laterais de hoje em dia não invejo nem a fama, nem o dinheiro, mas sim a liberdade”, disse um dia Nilton Santos, explicando uma das histórias mais famosas da sua carreira. No Mundial de 1958, no jogo frente à Áustria (2-0), Nilton começou a atacar, perante os gritos do treinador, Vicente Feola, para não avançasse no terreno. O lateral-esquerdo acabou por marcar golo e receber os elogios do técnico: “Dizem que o Feola, na beira do gramado [relvado], gritava: 'Volta! Volta! É louco, esse é louco!' Sei que, depois que eu marquei o golo, ele só olhou para mim e disse: 'Boa!”, contou Nilton Santos ao site da FIFA.

Campeão mundial em 1958 e 1962, o antigo jogador brasileiro ficou conhecido como “a Enciclopédia do Futebol”, graças ao seu conhecimento sobre o jogo. “Não era à toa que Nilton Santos era conhecido como a Enciclopédia do Futebol. Ele entendia tudo do esporte, era generoso e um amigo e jogador exemplar. Nos cinco anos que passámos juntos no Botafogo (entre 1958 e 1963), ele foi o melhor maestro, e o clube, uma grande universidade”, disse outro ex-futebolista Amarildo Tavares Teixeira, citado pelo El País.

“Sempre que me pedem para escalar a selecção mundial de todos os tempos, não tenho dúvidas sobre alguns jogadores, como Pelé, Garrincha, Messi, Maradona, Beckenbauer e Nilton Santos, a Enciclopédia do Futebol. Foi o maior jogador de defesa que vi no futebol brasileiro, no mesmo nível de Beckenbauer”, escreveu Tostão, ex-internacional brasileiro, no jornal Folha de São Paulo.

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