Quem será a mãe da criança? Cristiano Ronaldo queixa-se de devassa da vida privada
CR7 não gostou de ver noticiado que Cristianinho tem tripla filiação, graças a duas mães mexicanas
Depois de muita especulação à volta do mistério, a revista Vidas do Correio da Manhã anunciou, em Agosto de 2011, a tripla filiação do rebento: Cristianinho tinha, afinal, nada menos que duas mães e um pai. Num artigo intitulado Ama revela segredos do clã Aveiro – Conta que bebé do craque tem duas mães mexicanas, o jornal noticiou, com base em declarações da ama da criança, como Ronaldo teria recorrido aos óvulos de uma das mulheres e à barriga da outra para se tornar pai. No dia seguinte, foi a vez de o jornal desportivo Record contar a mesma história.
Ronaldo não gostou e processou as duas publicações por devassa da vida privada. Os arguidos invocaram a nulidade da acusação, alegando que teriam revelado “tão-só pretensos factos que seriam só pretensamente atinentes à vida privada” do futebolista, e não “factos que pertencem realmente ao domínio da reserva da vida privada e familiar”.
Foi pouco depois de Ronaldo ter anunciado que andava “triste” no Real Madrid, clube com o qual havia de renovar logo a seguir contrato até 2018, que o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu levar o caso a julgamento. “Estamos perante uma situação da esfera da intimidade que, em circunstância alguma, poderia ser invadida”, entendeu o juiz de instrução criminal encarregue do processo, criticando “o culto do sensacionalismo e do escândalo”.
Embora a esfera da vida privada das figuras públicas seja menor do que as do cidadão anónimo, os limites da vida familiar ou sexual de CR7 nunca poderiam ter sido ultrapassados sem o seu consentimento, escreve o magistrado, para quem “não interessa se os factos noticiados são verdadeiros ou falsos”.
Os jornalistas invocaram a disposição da lei de imprensa que prevê que seja o autor das declarações publicadas – neste caso, a ama de Cristianinho – o único responsável pelas mesmas, e não o órgão de comunicação social que as difundiu. O juiz de instrução criminal entendeu, porém, que a lei em causa não se aplica ao crime de devassa da vida privada, mas apenas a crimes contra a honra.
Subsiste um último problema: não foi até agora juntada aos autos nenhuma gravação da entrevista feita à ama de Cristianinho, não se tendo esta arguida disponibilizado para prestar esclarecimentos às autoridades sobre o assunto. Provar a realização da entrevista poderá, por isso, vir a revelar-se uma tarefa menos fácil, refere o despacho instrutório do processo.
Contactada pelo PÚBLICO, a direcção do Correio da Manhã não quis prestar declarações. Desconhece-se por enquanto se Ronaldo, que será representado em tribunal pelo advogado Rui Patrício, terá de se apresentar em tribunal durante o julgamento.