Manifestação na Lousã exige apoios para crianças com necessidades especiais
Mais de duas centenas de pessoas manifestaram-se este sábado na Lousã contra a falta de apoios para as crianças com necessidades educativas especiais dos agrupamentos de escolas de quatro municípios (Lousã, Miranda do Corvo, Góis e Pampilhosa da Serra).
A redução do número de terapeutas especializados está a afectar 183 crianças com necessidades educativas especiais nos agrupamentos de escolas da Lousã, Góis, Miranda do Corvo e Pampilhosa da Serra. Na segunda-feira, adiantou Ana Cristina Neves, será enviado para a Assembleia da República um abaixo-assinado promovido pelas sete associações de pais com 5000 assinaturas, salientando que "a drástica redução dos técnicos impossibilita, numa grande parte dos alunos acompanhados nos quatro agrupamentos de escolas, o desenvolvimento das suas competências globais e a verdadeira inclusão escolar e social".
Segundo António Anísio, coordenador do departamento de educação especial da Lousã, das 90 crianças que o CRI se candidatou para apoiar nos quatro agrupamentos, apenas 30 vão ser contempladas. "Isto é muito problemático, uma vez que estas crianças com necessidades especiais estão desde Junho sem receber nenhum apoio", referiu o professor, considerando a situação "frustrante para o desenvolvimento harmonioso dos jovens, que pode ficar seriamente afectado".
Para Paula Rosado, do concelho de Miranda do Corvo, mãe de um rapaz de 14 anos que sofre da síndrome de Noonan, a falta de apoio do CRI da Lousã desde o início do ano lectivo está a afectar o desenvolvimento do filho, que sofre de uma atrofia muscular grave. "Ele estava inserido nas terapias do CRI, que muito me ajudou. Quero que o meu filho tenha uma vida digna e só peço ao Ministério da Educação para olhar para estas crianças e não retirasse o pouco que temos", solicitou. Salientando que ganha o salário mínimo, Paula Rosado referiu que não tem dinheiro para "pagar as terapias" que o pequeno Pedro precisa.
O presidente da autarquia da Lousã, Luís Antunes, que marcou presença na manifestação, realizada na Praceta Sá Carneiro, considerou a situação "muito preocupante" e acusou o Ministério da Educação de promover "um retrocesso civilizacional". Para o autarca socialista, "a sociedade deve ser para todos, pelo que este tipo de medidas provoca desigualdades e dificuldades aos jovens, às famílias e à sociedade, que deve ser integradora, inclusiva e com oportunidades para todos".
Em declarações à Lusa, Luís Antunes garantiu que o município, em colaboração com a ARCIL, está a desenvolver esforços para se "substituir ao Estado" e procurar técnicos das áreas mais necessitadas que prestem acompanhamento às crianças com necessidades especiais.