O novo filme de Alex Gibney, o mais prolífico dos documentaristas americanos contemporâneos, podia chamar-se Histórias que Contamos. O seu assunto são as histórias que contamos a nós próprios ou aquelas em que preferimos acreditar, as narrativas que nos fazem sentir melhores pessoas ou de bem com o mundo, corporizadas na mentira que o ciclista Lance Armstrong vendeu como verdade durante mais de uma década. Ao questionar como foi possível enganar tanta gente durante tanto tempo - e como o próprio Gibney, “perdigueiro” que mostrou o lado escuro da guerra do Iraque, da Enron, da Igreja Católica americana ou da Wikileaks, se deixou enganar - A Mentira de Armstrong ergue um espelho à moderna cultura da celebridade, sem falsos moralismos mas questionando o relativismo moral subjacente a um mundo onde o impacto económico se sobrepõe à necessidade de uma bússola ética. Gibney não responde a todas as perguntas que faz, mas só tê-las levantado já é importante.
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