Universidades estão a chegar ao "limiar da sustentabilidade", diz reitor de Évora
“Sentimos que as universidades estão a ser perseguidas", diz Carlos Braumann.
“Sentimos que as universidades estão a ser perseguidas, com cortes que não têm paralelo em mais nenhum sector da administração pública”, criticou.
A situação orçamental das universidades, continuou, tem sido alvo de “ataque cerrado desde 2005” e, neste momento, “está a atingir o limiar da sustentabilidade”.
Este é o caso da Universidade de Évora, “mesmo para uma gestão eficiente como a que conseguimos neste quadriénio e uma capacidade de angariar receitas próprias semelhantes às das regiões com tecidos produtivos mais desenvolvidos”, frisou.
O reitor discursava durante a sessão solene que marcou o início do ano lectivo na academia alentejana, no âmbito das comemorações do Dia da Universidade, que assinala a fundação da Universidade Jesuíta, em 1559.
Na cerimónia, num longo discurso em que fez o balanço do mandato (cumpridos que estão três anos e meio dos quatro), Carlos Braumann enumerou os passos positivos dados pela Universidade de Évora a vários níveis.
Mas, no mesmo dia em que a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2014 (OE2014) é votada na generalidade na Assembleia da República, o reitor também dedicou atenção aos “sucessivos cortes” orçamentais que têm incidido sobre as universidades.
Os compromissos da tutela “para o Orçamento de 2014”, segundo Braumann, “penalizavam já muito as universidades, mas não estão a ser cumpridos, pois ocorreu posteriormente um corte e, mais recentemente, ocorreu novo corte que excede claramente o ajuste das reduções remuneratórias”.
“Será erro de cálculo a corrigir ou será um corte adicional encapotado e deliberado? Não conseguimos ainda esclarecer”, disse.
No caso da Universidade de Évora, a estratégia definida pela reitoria permitiu superar uma “situação deficitária de cerca de oito milhões de euros de dívidas reconhecidas”, não devendo já a instituição nada a fornecedores, mas foi “muito condicionada” pelo “desorganizado e imprevisível modo” como têm evoluído os orçamentos, devido aos cortes da tutela, criticou ainda o reitor.
Braumann defendeu ainda que a rede de ensino superior “pode ser reorganizada”, mas negou que esteja “superdimensionada”.
“Ela é insuficiente para suportar o aumento da percentagem de jovens que segue para o ensino superior, se respeitarmos os níveis que se verificam noutros países desenvolvidos" e para "satisfazer as enormes necessidades de formação ao longo da vida", afirmou, lembrando também o “papel fulcral” das universidades “na inovação e no desenvolvimento regional e nacional”.