Nazi Erich Priebke será sepultado em local secreto

Advogado anunciou que já há acordo para o enterro do ex-capitão das SS, condenado pela morte de 335 civis italianos,mas não divulgou onde será feito.

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Priebke, em foto de 2010 Alessandro Bianch/Reuters
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Admiradores de Priebke em Albano Laziale, onde o funeral acabou por não ser feito Yara Nardi/Reuters

Questionado pela AFP sobre se o antigo capitão das SS -  condenado pela morte de 335 civis, em 1944 - será sepultado em Itália, o advogado respondeu: “Sim”. Mais tarde disse à agência italiana Ansa que “o lugar da sepultura será entre a Alemanha e a Itália, em todo o caso [será] numa das duas nações”.

“Claro que não será em Roma ou na região porque há uma decisão do presidente da câmara que o proíbe”, disse Giachini, citado pela AFP. “O acordo deixa satisfeita a família, e cumpre as exigências éticas e espirituais”, acrescentou. “Devido ao tumulto” à volta do funeral, “será uma pequena cerimónia para os mais próximos”, disse ainda.

A embaixada alemã em Roma disse não ter recebido qualquer pedido do advogado da família Priebke.

Foi difícil encontrar um local para sepultar Priebke, oficial nazi envolvido no massacre de 335 civis italianos, que morreu aos 100 anos. Depois de diversas recusas, inclusive da sua cidade natal, Hennigsdorf, perto de Berlim, a localidade de Albano Laziale, perto da capital italiana, aceitou realizar as cerimónias fúnebres, na passada quarta-feira.

Mas centenas de pessoas juntaram-se no local onde gritaram “assassino” e “executor”, entre outras acusações sobre o seu passado. Acorreram também ao local admiradores de Priebke. O funeral teve de ser interrompido e o caixão levado para uma base militar dos arredores de Roma, à espera de uma solução. “Fomos forçados a suspender o funeral porque havia um risco de que se tornasse num encontro neo-nazi”, disse na altura o presidente da câmara de Roma, Giuseppe Pecoraro.

Erich Priebke, que no final da guerra fugiu para a Argentina, onde viveu 40 anos (graças a documentos do Vaticano), foi preso em 1994, extraditado e condenado, em 1998, a prisão perpétua, por responsabildiade no massacre ocorrido nos arredores de Roma, em retaliação pela morte de 33 soldados alemães por combatentes italianos.

Cumpriu a pena em prisão domiciliária mas podia sair para fazer compras ou jantar com amigos. Após a morte, as autoridades da capital italiana informaram estar fora de questão que Priebke fosse enterrado na cidade. O Vaticano ordenou mesmo, numa decisão inédita, que nenhuma igreja de Roma aceitasse fazer o funeral.

Num mensagem vídeo divulgada depois da sua morte, o oficial nazi volta a responsabilizar a resistência italiana pelo massacre, tal como tinha feito quando foi julgado, em 1998. Explica que os comunistas italianos que cometeram o atentado contra os soldados alemães sabiam que haveria consequências e que ficou decidido que seriam mortos 10 civis italianos por cada alemão abatido e ainda mais cinco pessoas. Sem mostrar remorsos, reafirma que as suas acções resultaram de uma ordem directa de Hitler e que a sua recusa em obedecer significaria o fuzilamento.
 
 

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