Zeinal Bava: nova empresa será das maiores do mundo
Responsável não quis divulgar o nome da empresa, mas garantiu que as marcas conhecidas em Portugal e no Brasil serão mantidas.
Numa nota enviada à Lusa, o futuro presidente executivo da empresa que resultar da fusão da PT com a Oi sublinha que “[esta quarta-feira] nasce uma empresa com raiz nos países de língua portuguesa e um mercado de 260 milhões de pessoas. Uma empresa que está entre as maiores do mundo com mais de 100 milhões de clientes, 30 mil colaboradores e presente em quatro continentes”.
A Portugal Telecom anunciou nesta segunda-feira, em comunicado divulgado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), uma proposta de fusão com a operadora brasileira de telecomunicações Oi – da qual a PT é a maior accionista – para criar uma nova entidade.
A partir de Londres, onde está a apresentar a nova entidade aos mercados, Zeinal Bava explicou que “a ambição [para a nova empresa] é estar entre os maiores players globais, assumindo uma vocação multinacional” e “afirmando-se como uma referência em termos de inovação tecnológica, excelência operacional e criação de valor accionista”.
Escusando-se a divulgar o nome da empresa que será criada, se a fusão for concretizada, o presidente da PT garantiu que as marcas conhecidas em Portugal e no Brasil serão mantidas.
“Esta nova empresa terá um novo nome, um nome que lhe transmita um carácter e uma ambição global”, mas “no Brasil a Oi continuará a ser a Oi e em Portugal a PT continuará a ser a Portugal Telecom”, disse.
Com “uma equipa de gestão única”, a nova empresa será cotada no ‘novo mercado’ no Brasil, na NYSE, em Nova Iorque, e na Euronext, em Lisboa”, com uma “base accionista internacional diversificada”, adiantou o responsável das operadoras.
“A nova companhia terá uma posição única nos mercados estratégicos onde opera, apresentando um potencial de crescimento significativo no Brasil, através de uma aposta na convergência e na mobilidade, bem como capitalizando na liderança tecnológica e de inovação que possui em Portugal”, acrescentou Zeinal Bava.
A proposta de fusão, que ainda terá de ser autorizada pelos accionistas das empresas e pelas entidades de regulação, implica ainda um aumento de capital mínimo de 2,3 mil milhões de euros que, segundo o presidente da PT, vai “melhorar a flexibilidade financeira do grupo, reduzindo o risco financeiro da companhia e permitindo continuar a investir no crescimento do negócio”.
Zeinal Bava vai explicar o negócio ainda esta segunda-feira à comunicação social portuguesa e brasileira, através de uma teleconferência a partir de Londres, mas adiantou à Lusa que o Brasil será uma grande alavanca para o crescimento do negócio.
Segundo referiu, a adesão aos serviços de Internet de banda larga, pay tv e Internet móvel no Brasil – onde a penetração ainda é baixa – vai “descolar no futuro”, e “para explorar este crescimento no futuro as empresas necessitarão de um footprint muito mais alargado do que alguma vez precisaram”.
Miguel Horta e Costa sublinha "alcance global" da operação
Miguel Horta e Costa, ex-presidente da Portugal Telecom, considera que a notícia da fusão da empresa de telecomunicações portuguesa com a brasileira Oi é “o primeiro capítulo de uma nova história de matriz luso-brasileira e com alcance global”.
“É com enorme satisfação que assisto ao anúncio desta operação, que representa o culminar de um longo processo iniciado em 1998 e que eu próprio liderei, com a entrada da PT no mercado brasileiro por via da aquisição da Telesp Celular”, escreve o gestor, numa reacção enviada à Lusa.
“Conhecendo bem Zeinal Bava e a sua equipa de gestão, estou seguro que, mais do que um final feliz no processo de internacionalização da PT, hoje se escreve o primeiro capítulo de uma nova história de matriz luso-brasileira e com alcance global”, acrescenta Miguel Horta e Costa.
Murteira Nabo diz que notícia revela poder da PT para "escolher o seu destino"
Francisco Murteira Nabo, ex-presidente da Portugal Telecom (PT), recebeu com “enorme felicidade” a notícia da fusão da PT/Oi, considerando que a empresa portuguesa mostra poder para “escolher o seu destino, evitando ser escolhida por algum noivo indesejado”.
“É (…) com enorme felicidade que registo que, apesar dos muitos contratempos, como a OPA em 2006 ou a venda ‘forçada’ da Vivo em 2010 e todo o compromisso de remuneração accionista que delas resultou, a PT conseguiu construir soluções que permitem à companhia escolher o seu destino, evitando ser escolhida por algum noivo indesejado num sector em consolidação”, afirmou Murteira Nabo, numa reacção enviada à Lusa.
O gestor começou por recordar que, quando era presidente da PT, em 1998, a empresa entrou no mercado brasileiro através da aquisição da Telesp Celular, e o “objectivo era já o de caminhar para uma aliança para ganhar escala”; “mais tarde” foram estabelecidos os primeiros contactos com os accionistas da Telemar para “algum tipo de aproximação entre as empresas”.
Murteira Nabo sublinha que a notícia da fusão, assumidamente desejada pela PT e por alguns dos seus principais accionistas, acontece num contexto em que o sector se encontra em consolidação, notando que “movimentos recentes do sector, com empresas como a KPN ou TI na iminência de serem adquiridas por grupos de maior dimensão – e porventura desmanteladas –, tornam ainda mais evidentes os méritos desta operação de fusão entre a PT e a Oi”.
“Seguramente um exemplo a seguir por outras empresas de matriz nacional, mas em sectores que cada vez mais funcionem à escala global”, considera o antigo presidente do conselho de administração da Portugal Telecom.
Murteira Nabo deixa ainda uma palavra para Zeinal Bava, recordando que o gestor entrou para o grupo PT como administrador pela sua mão. Zeinal Bava, escreve, é “um dos mais jovens e brilhantes quadros do nosso país que o futuro veio a comprovar“.
“Estou certo que Zeinal Bava e a sua equipa levarão esta empresa que hoje a PT e a Oi criam a patamares cada vez mais superiores de excelência e dimensão global", conclui Murteira Nabo.