Rush

A história dava tudo. Duas personagens contrapolares: James Hunt, o último “rolling stone” das pistas, e Niki Lauda, frio e calculista como um computador. Um campeonato de fórmula 1, o de 1976, mais rico em peripécias do que qualquer album de Michel Vaillant, numa era em que o automobilismo (e a F1 em especial) ainda não era o desporto higienizado e hiper-regulamentado que conhecemos nos nossos dias. O extraordinário estoicismo de Lauda depois do acidente que o desfigurou, e o seu extraordinário sentido das prioridades na corrida decisiva. Peter Morgan (o argumentista) quase não precisou de inventar, a 95% o seu “script” limita-se, e muito bem, a organizar factos. E Ron Howard só tinha que não estragar. Não estragou, apoiado em actores credíveis (Daniel Brühl é mais do que isso: o homem transforma-se em Lauda) e numa reconstituição meticulosa, que se tem que usar truques para simular as corridas usa-os assentando em réplicas (carros, pilotos, capacetes, circuitos) apenas temperadas pelo CGI, e que genericamente não desapontam os coca-bichinhos da fórmula 1. É sobretudo a eles que “Rush” se recomenda, especialmente aos que tiverem memória, directa ou indirecta, da F1 dos anos 70.

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