Síria entregou aos russos provas sobre uso de armas químicas pela oposição
Vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo considerou relatório da ONU "politizado” e “tendencioso".
O relatório concluiu que foram usadas armas químicas na guerra síria e debruça-se sobre o ataque de Agosto nos arredores de Damasco em que terão morrido mais de 1400 pessoas, muitas delas crianças. O relatório não atribuiu culpas claramente a um dos lados do conflito - não era esse o mandato dos investigadores de armas químicas.
Mas o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, não hesitou em dizer que foi cometido "um crime de guerra". Estados Unidos, França e Reino Unido, analisando os pormenores técnicos do relatório, atribuíram claramente a responsabilidade do ataque, afirmaram claramente que, pelo tipo de armamento usado, pela trajectória seguida pelos projécteis usados para o bombardeamento com gás sarin dos subúrbios de Damasco na madrugada de 21 de Agosto é indesmentível que as tropas de Bashar al-Assad estão por trás do ataque.
A Rússia, no entanto, recusa-se a aceitar esta leitura. Riabkov denunciou o relatório, que considerou ter manipulado as provas para apontar a culpa a um dos lados do conflito que dura há já dois anos e meio — em guerra estão o Exército governamental e a oposição armada, que tenta derrubar o regime, tendo-se juntado à guerra civil milícias com uma grande quantidade de estrangeiros, com objectivos distintos (islamistas, por exemplo).
O vice-ministro russo disse que os inspectores da ONU só verificaram as provas relativas ao ataque de 21 de Agosto e ignoraram os outros três ataques com armas químicas que aconteceram antes dessa data. O Governo sírio, disse, tem provas materiais sobre estes ataques anteriores que atribuem a responsabilidade à oposição. Os inspectores da ONU frisaram sempre, no entanto, que querem voltar à Síria para investigar outros locais onde houve denúncias de ter havido ataques químicos.
A Síria aceitou entregar as armas químicas para destruição, de acordo com um plano russo que impediu uma intervenção punitiva americana contra o Governo de Assad. Mas o chefe da missão de inspectores da ONU, Ake Sellstrom, disse à BBC que será muito difícil encontrar e destruir o arsenal químico do Governo sírio. Esse trabalho, explicou, dependerá da vontade de cooperar e negociar do Governo e da oposição. "Vai ser um trabalho de muito stress", disse.