RPG remete-nos para dois casos de filmes portugueses que se estatelaram ao comprido - "Second Life" (2008) de Alexandre Cebrian Valente e Miguel Gaudêncio, e "Arte de Roubar" (2008) de Leonel Vieira. "Arte de Roubar" pelas (ingénuas) ambições internacionais de um filme português inteiramente falado em inglês; "Second Life" pela tentativa (canhestra e falhada) de criar dois níveis de leitura diferentes, entre a “realidade” e a “virtualidade”.
A verdade, contudo, é que, tal como aqueles dois, RPG é confrangedor: uma tentativa embaraçosa de fazer um filme de ficção cientifica à portuguesa que falha em toda a linha, desde os efeitos visuais profundamente caseirinhos a um elenco de desconhecidos jovens actores estrangeiros a que Rutger Hauer, perdido numa breve participação especial, vem dar uma caução triste, passando por uma história que termina abruptamente e fica por resolver ou explicar, sobre dez milionários do futuro que entram num jogo virtual cujo prémio será um possível elixir da juventude. É o nadir da carreira de Tino Navarro, produtor experiente que aqui se ergue igualmente a co-argumentista e co-realizador (com David Rebordão, o autor da curta "A Curva", que foi um sucesso viral na internet há alguns anos). E é mais um dos equívocos a que o cinema português supostamente “comercial” se continua a prestar.
Ninguém é capaz de aprender com a "Gaiola Dourada", que dá cem a zero a quase tudo o que se faz em Portugal para o grande público?