Morreu Laszlo Csatari, um dos criminosos de guerra nazis mais procurados
O húngaro aguardava julgamento por ter contribuído "para execuções extrajudiciais e torturas cometidas contra judeus".
Laszlo Csatari estava hospitalizado devido a uma pneumonia e morreu no sábado, na capital húngara, anunciou o seu advogado, Gabor Horvath. Até ser internado, Csatari estava a aguardar julgamento em prisão domiciliária.
Em Junho, foi formalizada a acusação de tortura e participação na deportação de milhares de judeus para campos de extermínio contra o antigo comandante da polícia de Kosice, cidade que actualmente integra a Eslováquia mas que pertencia então à Hungria ocupada pelas tropas de Hitler.
Csatari era o mais procurado da lista de criminosos que o Centro Simon Wiesenthal continua a tentar levar perante a justiça, quase 70 anos depois do fim da II Guerra Mundial.
Descoberto por jornalistas do britânico The Sun, foi detido pelas autoridades húngaras no Verão do ano passado e colocado em prisão domiciliária.
Em Junho, a procuradoria de Budapeste formalizou a acusação contra o húngaro. "Pelos seus actos e comportamento, Laszlo Csatari contribuiu intencionalmente para execuções extrajudiciais e torturas cometidas contra judeus", indicou o Ministério Público.
Csatari rejeitou sempre as acusações. Admitia apenas que tinha sido um intermediário entre as autoridades húngaras e alemãs.
Os crimes que lhe são atribuídos começaram após a ocupação nazi da Hungria, em 1944, e com a instalação em Kosice de um gueto onde seria encerrada a quase totalidade dos cerca de 12 mil judeus que então viviam na cidade. Csatari "espancava regularmente os judeus detidos, chicoteava-os sem razão particular, sem atender à condição, sexo, idade ou saúde das pessoas agredidas", lê-se no auto de acusação. Em Maio de 1944, participaria activamente na deportação de milhares de pessoas detidas em Kosice para os campos de extermínio nazi, a grande maioria para Auschwitz.
Com o final da II Guerra Mundial fugiu para o Canadá, o que não impediu um tribunal da então Checoslováquia de o condenar à morte, num julgamento à revelia. Saber-se-ia depois que vivia no Canadá, onde trabalhou como comerciante de arte, até que em 1997 as autoridades foram alertadas sobre o seu passado e lhe retiraram a nacionalidade. Acabaria por desaparecer, só sendo localizado mais de uma década depois em Budapeste.