PS acusa Governo de lançar “cortina de fumo” para tomar medidas lesivas para os portugueses
Carlos Zorrinho tem dúvidas que equipa das Finanças tenha “solidez ética necessária” para negociar com a troika.
“Há uma total incompetência e muito pouca ética na forma como o Governo tem lidado e tomado decisões sérias nos últimos dias”, disse Carlos Zorrinho ao PÚBLICO sobre a polémica dos swaps, que provocou a demissão, esta semana, do secretário de Estado do Tesouro.
O líder parlamentar socialista afirma ter “sérias dúvidas de que esta equipa das Finanças esteja ainda com a solidez ética necessária para poder negociar com a troika a oitava avaliação, que foi adiada de 15 de Julho para o início de Setembro a pedido do Governo português – e que deverá ocorrer em simultâneo com a nona avaliação para que o programa de ajustamento possa ser concluído dentro do prazo, ou seja, em Junho do próximo ano.
Na área da educação, aponta, “há total instabilidade nas escolas, com horários por fazer, professores e agora pessoal não docente por colocar”, numa altura em que falta um mês para começarem as aulas e quando já tudo o que diz respeito ao seu funcionamento deveria estar decidido.
Além disso, nas reformas, o Governo tão depressa “está pronto para mudar todas as regras como logo a seguir define excepções”, revelando uma “enorme instabilidade na tomada de decisões”. No Executivo liderado por Pedro Passos Coelho “é cada cabeça, sua sentença”, ironiza Zorrinho, que admite que em muitos destes casos de decisão do Governo resta ao PS “denunciar” e “estar atento”.
Sobre a polémica dos contratos swap, que fez subir de tom as acusações entre PS e PSD esta sexta-feira ao fim da manhã, Carlos Zorrinho considera que esta é mais uma “cortina de fumo” que o Governo criou e continua a alimentar precisamente para distrair os portugueses das questões práticas sobre as quais está a tomar decisões graves. E classifica a intervenção do líder parlamentar social-democrata como uma “operação de baixa política”.
Luís Montenegro fez uma declaração esta sexta-feira de manhã em que desafiou o secretário-geral socialista a dizer se é “cúmplice e conivente” com as posições assumidas pelo seu assessor económico Óscar Gaspar, que em 2005 recebeu a proposta de swap do Citigroup e a encaminhou para as Finanças considerando ter “relevância”.