Patrões esperam que saída de Gaspar seja oportunidade para alterar as políticas
Confederações patronais dizem que o primeiro-ministro terá uma responsabilidade política acrescida nas políticas financeiras.
“Mais importante do que as pessoas, são as políticas e, nesse sentido, aquilo que desejo é que a saída do ministro Vítor Gaspar seja uma oportunidade para que o governo mude de políticas e concilie finalmente austeridade e crescimento económico”, afirmou António Saraiva à Lusa, que disse não estar surpreendido com a saída do ministro.
Sem querer pensar que a substituição de Vítor Gaspar por Maria Luís Albuquerque possa significar uma continuidade de políticas, o dirigente patronal sublinhou que o anúncio é um recentrar “de responsabilidade na pessoa do primeiro-ministro”, que “terá agora uma responsabilidade política acrescida a nível das políticas financeiras”.
Também o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, João Machado, que ficou surpreendido com a saída de Vítor Gaspar, diz que “fica agora muito claro que o primeiro-ministro será o principal responsável pela política seguida pelo Ministério das Finanças”.
“Temos criticado esta política que leva ao fecho das empresas e à criação de desemprego. Estamos expectantes para ver se alguma coisa muda ou se tudo se mantém na mesma. O nome da actual secretária de Estado do Tesouro parece-me um risco político”, destacou em declarações ao PÚBLICO.
Já João Vieira Lopes, presidente da CCP, esperava que Gaspar fosse substituído por “alguém com maior conhecimento prático do tecido empresarial” e duvida que haja mudança nas políticas. “A grande crítica que fazíamos ao ministro era ser uma pessoa agarrada ao modelo económico da troika, desligados da economia real e do tecido empresarial. Havia a expectativa de que viesse a ser substituído por alguém com maior conhecimento prático do tecido empresarial. Afinal, o Governo prossegue na mesma linha de actuação”, declarou ao PÚBLICO.
Numa nota enviada à Lusa, o presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), Francisco Calheiros, também lembrou que “o que está em causa não são as pessoas, são as políticas” e mostrou-se preocupado com “as dificuldades de financiamento das empresas do sector e o impacto da brutal carga fiscal que incide sobre as mesmas”.
Na semana passada, as quatro confederações patronais apresentaram uma declaração conjunta a criticar as políticas do Governo e a exigir medidas para o crescimento e para o emprego.