Mega Ferreira e Pedro Amaral na direcção da Orquestra Metropolitana

Maestro Cesário Costa deixa a direcção da Associação Música Educação e Cultura

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Mega Ferreira vai gerir um orçamento de cerca de quatro milhões de euros Rui Gaudêncio
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Pedro Amaral DR

A estrutura que dirige a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) e as três escolas associadas vai ser profundamente alterada com a entrada do gestor cultural António Mega Ferreira e do compositor Pedro Amaral para os cargos de direcção até agora desempenhados pelo maestro Cesário Costa.

No final de um mandato de quatro anos, o maestro deixa a direcção da Associação Música Educação e Cultura (AMEC), que tutela a Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), sendo rendido no cargo por António Mega Ferreira, que até Janeiro de 2012 dirigiu o Centro Cultural de Belém e é um dos mais conhecidos gestores culturais portugueses. O cargo de director artístico, que era também ocupado pelo maestro de 42 anos, passa a ser desempenhado pelo compositor Pedro Amaral, 40 anos, que será também o director pedagógico.

"É um projecto muito interessante, completamente único, mesmo em termos europeus, porque tem na mesma instituição musical a componente artística e pedagógica", disse António Mega Ferreira ao PÚBLICO, acrescentando que talvez seja mesmo "o mais interessante na área da música que existe em Portugal".

A função de Mega Ferreira, que vai gerir um orçamento de cerca de quatro milhões de euros, cuja fatia principal é dada pela Câmara Municipal de Lisboa, é, nas suas palavras, criar os meios para que o projecto possa continuar a existir num contexto em que os apoios à cultura estão cada vez mais difíceis.

"A Metropolitana insere-se num país que vive uma crise profundíssima e é impossível que ela não se reflicta na própria instituição", diz Pedro Amaral. Tal contexto, porém, não mina o entusiasmo do compositor. "Esta instituição tem um potencial absolutamente extraordinário, tem meios, que não digo que sejam já os suficientes, mas tem-nos, tem apoio institucional e político da Câmara Municipal de Lisboa, o que é muito importante, e tem um extraordinário potencial na sua equipa humana, nos docentes e quadro artístico." Pela especificidade da Metropolitana ("os quadros formados por artistas e docentes que, em muitos casos, são ambas as coisas"), o seu "potencial de expansão é muito grande": "Há uma miríade de ideias possíveis para o desenvolvimento desta instituição sem cortes e sem rupturas com o passado próximo", afirma Pedro Amaral.

A AMEC tutela a OML, que tem 36 músicos profissionais, e três escolas, sendo elas o Conservatório da Metropolitana, a Academia Nacional Superior de Orquestra e a Escola Profissional da Metropolitana. De facto, a Metropolitana integra três orquestras: além da OML, existem ainda a Orquestra Académica Metropolitana, composta por estudantes, e a Orquestra Sinfónica Metropolitana, que faz alguns concertos por ano e junta músicos da orquestra profissional e da orquestra formada por estudantes.

As novas nomeações correspondem à entrada em vigor de um novo modelo de gestão da associação, esclarece o comunicado de imprensa da AMEC, “em que se dividem as competências nas áreas da gestão e da direcção artística e pedagógica”. 

Mega Ferreira disse que os novos estatutos com as alterações deverão ser aprovados dentro de dois ou três meses pelos promotores da associação e explicou que será o único membro executivo de uma direcção de sete elementos. O director executivo vai contar nesse órgão da direcção com a colaboração dos representantes dos promotores, como a Câmara Municipal de Lisboa, a Secretaria de Estado da Cultura ou o Ministério da Educação.

Segundo o comunicado, será ainda criado um conselho consultivo, que incluirá membros das várias áreas da sociedade civil, de modo a consolidar os laços da Metropolitana com a cidade e com as comunidades artísticas em que se insere.

A AMEC declarou que “Cesário Costa e a sua equipa são merecedores do mais alto reconhecimento pelos serviços prestados” e que, nos últimos anos, “a actuação da Metropolitana, dirigida por Cesário Costa, tem-se diversificado junto dos mais variados públicos, procurado soluções inovadoras e capazes de envolvimento de outros parceiros, conferindo um protagonismo crescente a esta instituição musical”.

"Perante esta nova etapa, com um novo modelo, faz sentido uma nova equipa", disse Cesário Costa ao PÚBLICO. “Haverá mais intervenção dos fundadores na vida da Metropolitana – antes havia um órgão que era o Conselho de Fundadores que dava pareceres, agora há uma direcção onde eles estão representados e com uma participação mais activa no dia-a-dia. É um modelo que trabalhei ao longo de quatro anos”, adiantou o maestro. “O mandato desta direcção terminou em Dezembro de 2012. Estive a aguardar que fosse definido um modelo para o futuro. Houve vontade de que eu ficasse ligado ao projecto, mas esta é uma nova etapa que se inicia.”

Cesário Costa afirma que “certamente continuará ligado à música” – mantém a direcção da orquestra em alguns concertos já agendados para os próximos dias – e que neste momento está “a analisar propostas”. Não confirmou, no entanto, se a direcção artística do Teatro Nacional de São Carlos está entre elas. O mandato do actual director, o britânico Martin André, termina no final de Julho, e o nome de Cesário Costa foi um dos falados para a substituição.
 
 
 

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