Luís Filipe Vieira deixa indícios de que irá manter Jorge Jesus

Discurso do presidente do Benfica durante um jantar com 70 deputados benfiquistas indica que vai manter o treinador português na Luz

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Vieira deixou ontem indícios de que pretende manter Jesus como treinador do Benfica para não destruir o que de bom foi feito no futebol "encarnado" Carlos Manuel Martins/PÚBLICO (arquivo)

Vieira considerou que o final de temporada dos “encarnados” correu mal, mas rejeita “estragar tudo o que de bom” foi alcançado nos últimos anos, criticando a “tendência suicida de colocar tudo em causa” quando a equipa não vence. “A verdade é que se tivéssemos ganho haveria coisas que teríamos de corrigir, mas também é verdade que o facto de não termos ganho não significa que tudo está mal. Vamos mudar aquilo que tivermos de mudar mas com ponderação, para não estragar tudo o que de bom conseguimos nos últimos anos. Não devemos ter medo das nossas convicções”, prosseguiu.

“O que vos posso aqui deixar é que vamos manter o rumo e continuar a trabalhar com a mesma seriedade, o mesmo rigor e a mesma paixão que nos trouxe até aqui”, prometeu.

Discurso na íntegra

“Em primeiro lugar queria agradecer a vossa presença aqui hoje, porque ela representa um sinal de amizade, de reconhecimento, mas também um estímulo para o futuro. Mas o estarem aqui - e não na Assembleia da República - significa que sabem exactamente para que serve e para o que não deve servir a Assembleia da República, e isso é algo que deve ser destacado para memória futura.

Estarem aqui significa que o futebol é transversal a toda a sociedade, mas que há fronteiras que devem ser respeitadas, e que quem não percebe isso faz mal à democracia portuguesa. Esta não foi uma época de sonho, mas foi uma época que nos fez sonhar como há mais de 20 anos não o fazíamos.

É verdade que a tristeza destas últimas semanas é tanto maior quanto o caminho percorrido e as expectativas criadas durante os últimos meses, fruto do trabalho, da dedicação, do esforço dos profissionais desta casa. Este clube está habituado a viver na pressão, fruto da sua grandeza, da sua história, daquilo que representa para os portugueses. E o nosso estado de tristeza tem precisamente a ver com o facto de termos estado muito perto de concretizar uma época fantástica.

O que vos digo é que só a morte não se consegue ultrapassar, o resto podemos superar tudo. Para o ano temos de repetir o que fizemos este ano e escrever, apenas, um final diferente. Temos condições para isso! Tenho a serenidade de ter dado o melhor de mim a este clube, a amargura de ainda não ter chegado onde quero chegar, mas a certeza que aquilo que falta para lá chegar é muito pouco.

Somos hoje, no ranking da UEFA, a sexta melhor equipa europeia. Demos nos últimos anos um enorme salto qualitativo e competitivo. Mas é evidente que quando não se ganha temos a tendência suicida de colocar tudo em causa.

A verdade é que se tivéssemos ganho haveria coisas que teríamos de corrigir, mas também é verdade que o facto de não termos ganho não significa que tudo está mal. Vamos mudar aquilo que tivermos de mudar mas com ponderação, para não estragar tudo o que de bom conseguimos nos últimos anos. Não devemos ter medo das nossas convicções.

O Benfica é vivido, dentro e fora do clube, durante 24 horas, 7 dias por semana. Os jornais escrevem uma coisa hoje, outra coisa totalmente diferente amanhã. Escrevem o que julgam saber, o que não sabem e muitas vezes aquilo que gostariam de ver acontecer.

Mas o Benfica de hoje não é um Benfica que se deixe condicionar pela imprensa. O Benfica de hoje decide em função do interesse do clube, e em função daquilo que a sua Direcção e o seu Conselho de Administração entendem ser o melhor para o Benfica.

A única garantia que vos posso aqui deixar é que vamos manter o rumo e continuar a trabalhar com a mesma seriedade, o mesmo rigor e a mesma paixão que nos trouxe até aqui. E para aqueles que só aparecem nas horas más a criticar sem nunca ajudar a construir, os benfiquistas sabem o carácter e as razões que os movem.”
 
 
 

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