Central Station: o (bom) estado da ilustração portuguesa

O melhor da ilustração portuguesa contemporânea numa exposição em Lisboa na Central Station, um espaço renovado que acolhe o XV Festival do Clube de Criativos de Portugal

João Maio Pinto
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André Letria
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André Letria

Até domingo, dia 26 de Maio, pode avaliar-se em Lisboa o estado da arte da ilustração portuguesa. Uma exposição integrada no XV Festival do Clube de Criativos de Portugal mostra o talento de 33 ilustradores escolhidos pelo director de arte Jorge Silva. É a Ilustra 33 e está na Central Station, na antiga estação dos CTT, junto ao Mercado da Ribeira.

O número de ilustradores podia variar entre 25 e 30, por questões de logística. “Mas 33 era uma capicua simpática, permitia-me jogar plasticamente com os números e integrar mais alguns ilustradores”, diz Jorge Silva, curador da mostra. Admite ser um “argumento fútil”, mas que não desvirtuou o objectivo: “Dar a conhecer o estado da arte da ilustração portuguesa.” Fala portanto de ilustração contemporânea.

“Todos os ilustradores estão no activo e os trabalhos não têm mais de três anos. A única excepção é o Tiago Manuel, que expõe algumas ilustrações de 2008.” Jorge Silva sublinha que esta é uma escolha pessoal, mas que estão aqui muitos dos melhores ilustradores portugueses. A exposição cobre “todas as áreas com relevância”. A saber: “A ilustração para a infância (que está muito bem representada), a mais convencional, de imprensa (em vias de extinção), e as novas tendências (com relevo para as iniciativas de auto-edição e de circuitos marginais, sobretudo gerados no Porto e ligados a galerias).”

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André Carrilho

Sem cartoon e banda desenhada

Para clarificar os critérios de escolha, Jorge Silva diz ter “barrado” o cartoon e a banda desenhada. Embora tenha alguma hesitação quando pensa nos trabalhos de Cristina Sampaio. “O que está exposto vive no limite entre a ilustração e as artes plásticas. Há sempre uma pequena margem, mas quis que as pessoas estivessem perante o que é ilustração e o que parece ilustração.” Também a street art está representada. Todos os trabalhos estão à venda e custam simbolicamente 33 euros.

O director de arte usa uma frase roubada, “Portugal é um país de ilustradores”, e completa-a, “assim houvesse indústria para lhes dar trabalho”. No entanto, valoriza todos os artistas que criam os seus próprios circuitos comerciais e de divulgação, “reinventando-se, procurando mercados próprios, criando projectos editoriais e novos modelos de negócio”.

Não tem dúvidas de que a Ilustra 33 “é um dos retratos possíveis da boa ilustração portuguesa contemporânea”. E ajudou a desenhá-lo.

Ilustradores participantes na Ilustra 33: Afonso Cruz, Alex Gozblau, André Carrilho, André da Loba, André Lemos, André Letria, André Ruivo, António Jorge Gonçalves, Bernardo Carvalho, Catarina Sobral, Cristina Sampaio, Daniel Lima, Gonçalo Viana, Hugo Henriques, João Fazenda, João Maio Pinto, José Manuel Saraiva, Jorge Colombo, Júlio Dolbeth, Madalena Matoso, Mariana a Miserável, Mariana Rio, Marta Monteiro, Nuno Saraiva, Pedro Campiche (Corleone), Pedro Lourenço, Rui Vitorino Santos, Ricardo Cabral, Susa Monteiro, Tiago Albuquerque, Tiago Manuel, Wasted Rita e Yara Kono.

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